Juazeiro do Norte/Barbalha Comoção e revolta marcam o sepultamento, na tarde de ontem, em Juazeiro do Norte, dos dois policiais mortos, na noite da última quarta-feira, no Sítio Lagoa, em Barbalha. Colegas dos policiais, amigos e família se despediram com homenagens ao cabo PM Francisco das Chagas Gomes Leal, 43, do destacamento Militar de Barbalha e ao soldado José Wallison Alves Lisboa, 24, do Ronda do Quarteirão. Os caixões foram levados para o cemitério Anjo da Guarda, em Juazeiro. O governador Cid Gomes, o comandante da Polícia Militar do Ceará, coronel William Alves estiveram presentes, além de dezenas de colegas dos PMs assassinados.Algumas pessoas vaiaram a presença do governador, inconformadas com as mortes ocorridas. Os discursos foram inflamados, com críticas direcionadas ao secretário de Segurança, Roberto Monteiro, e a política de Segurança no Estado. A mãe do soldado Lisboa, desabafou na frente do governador, a respeito da carga-horária extensa de trabalho e os baixos salários. A população cobrou de Cid Gomes mais estrutura para a Polícia no Interior.Os policiais foram mortos durante tiroteio com o acusado de vários crimes, tráfico de drogas e assaltos, Francisco Alvacir Alves de Sousa, de 48 anos, que também morreu durante o cerco. Uma chamada do 190, atendendo uma denúncia de ameaça, levou os policiais até a casa de Alvacir, que recebeu os policiais a tiros. O primeiro a morrer dentro da casa, foi o cabo Leal, que há 26 anos atuava na polícia. Ele foi surpreendido com um tiro no rosto, dado por Alvacir. O outro policial, foi morto com um tiro na cabeça, também dado pelo marginal, no quintal da casa. No momento do tiroteio, a mãe do acusado se encontrava dentro de casa.Os delegados Luiz Tenório de Brito, titular da Delegacia de Barbalha, e Marcos Antônio dos Santos, da 20ª Delegacia Regional de Polícia Civil estiveram no local do crime. Várias armas foram encontradas na residência de Avacir. Segundo o delegado Marcos Antônio, os policiais foram conversar com os bandidos e já foram recebidos à bala.O delegado Luiz Tenório disse que dará continuidade aos procedimentos, com relacionando as armas dos policiais que participaram da diligência. Os policiais e os vizinhos começarão a ser ouvidos nesta sexta-feira, pela Polícia, e possivelmente a mãe de Alvacir também será ouvida. O acusado estava com dois mandados de prisão em aberto, por homicídios.VelórioNa casa 225 da rua Junta, do bairro Bolandeira, a três quilômetros de Barbalha, onde residia o cabo Leal, o clima era de consternação e revolta. A viúva do policial Ana Lúcia dos Santos, conhecida como Luciana, desmaiou e foi retirada nos braços por policiais. A mãe de Luciana disse que a filha ia casar na Igreja com o policial no mês de março. "Eles já eram casados no civil. Ela tinha alugado vestido de noiva. Era o sonho dela. Infelizmente, os bandidos tiram à vida dele", lamentou.AmeaçaIrmãs de Alvacir contam que o crime está relacionado com um caso amoroso. Uma filha de Alvacir de 14 anos que teria sido desonrada por um jovem de Barbalha, ameaçado pelo homem. Na Polícia, a versão é outra. O delegado Tenório, garante que os policiais cumpriam um mandado de prisão. Alvacir era acusado de dois homicídios.FuziladoOutro homicídio foi cometido em Barbalha. Na manhã de ontem, quando chegava a um lava-jato, na Rua Zuca Sampaio, Renato da Silva, 27, foi atingido por vários disparos. Segundo testemunhas, quatro homens encapuzados desceram de um Siena preto e começaram a efetuar os disparos à queima-roupa. Especula-se que Renato estava comemorando a morte dos PMs na noite anterior.
ELIZÂNGELA SANTOS/ANTÔNIO VICELMOREPÓRTERES
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