Páginas

quarta-feira, 7 de abril de 2010

POLICIAL RODOVIÁRIO ASSASSINADO

A Polícia capturou o acusado de atirar e matar policial rodoviário federal no Pio XII. Mais três suspeitos são caçados

Homenagem póstuma: policiais civis, militares e os colegas da PRF foram ao cemitério dar adeus ao companheiro assassinado



O corpo do policial foi velado pelos amigos e familiares. A viúva, mesmo estando grávida, não se afastou do caixão do marido. Waldenízio Almeida, o ´Bimbo´, já está atrás das grades
MARÍLIA CAMELO/ ALEX COSTA



Um homem já está preso e outros três - dentre eles, dois adolescentes - identificados, acusados do assalto e assassinato do policial rodoviário federal Harry Igor Lima Girão, 40, casado, no começo da noite da última segunda-feira (5).

Reconhecido por duas testemunhas presenciais do crime como o autor do disparo, Waldenízio Almeida de Paula, o ´Bimbo´, 23, que já responde a processos por porte ilegal de arma e roubo, foi preso durante uma ação conjunta de policiais militares e a equipe do 4º DP (Pio XII) poucas horas após o assassinato.

Segundo o relato das duas testemunhas, depois de atirar no policial rodoviário, quando fugia Waldenízio colocou o dedo na boca fazendo sinal para que as testemunhas ficassem em silêncio. Logo que tomaram conhecimento do latrocínio, os policiais percorreram as ruas e vielas do Lagamar à procura de informações sobre os dois adultos e dois adolescentes logo identificados. "Nossos policiais conseguiram obter informações precisas junto às testemunhas e temos os nomes dos suspeitos já em mãos", confirmou, ontem pela manhã, o delegado José Munguba Neto, titular do 4º DP, após uma reunião com os policiais civis Tadeu, Figueiredo e Patrícia que trabalharam durante a noite no caso.

O jornal apurou que um dos suspeitos que ainda não foi preso - um jovem de 18 anos - já foi acusado de roubo quando adolescente e encontrava-se, até pouco tempo, recolhido em uma unidade prisional. Ele teria ganhado a liberdade há três ou quatro dias, apenas. Os outros dois, adolescentes, também já seriam envolvidos em delitos na área. As suspeitas sobre os três estão cada vez mais fortes. "Estivemos várias vezes nos endereços dos suspeitos e eles não aparecem em casa desde o momento do crime", reforçou o delegado Munguba.

Durante todo o dia, nove testemunhas foram ouvidas no 4º DP. Algumas já tinham prestado depoimento durante o flagrante, no 34º DP (Centro), mas o procedimento foi transferido para o 4º DP por se tratar da delegacia responsável pela área em que o crime aconteceu.

Ontem pela manhã, Waldenízio foi transferido, sob escolta policial, do 34º DP para o 4º DP. A chegada dele na delegacia foi um pouco tumultuada. Familiares da vítima, revoltados, tentaram agredi-lo, mas foram impedidos por policiais militares que estavam no local.

Ainda durante a manhã, o suspeito foi levado para a sede da Perícia Forense do estado do Ceará (Pefoce) para ser submetido a exames de parafina e residuográfico. "Estamos trazendo algumas peças de roupas dele que foram apreendidas, ontem, em sua residência, para ver se as testemunhas identificam como sendo as roupas usadas no momento do crime", acrescentou o delegado Munguba.

Ainda pela manhã, o corpo do policial rodoviário federal foi liberado da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) após exame de necropsia. Harry era o mais velho de cinco irmãos e estava na PRF desde o dia 31 de maio de 1996. Por ironia do destino, o policial rodoviário teve sua vida interrompida violentamente no momento que mais esperava; o da paternidade. "Ele e a esposa estavam ansiosos, tinham tentado antes, mas a primeira gravidez não deu certo. Desta vez, apesar das dificuldades, estava dando certo.

Homenagem

O corpo do policial foi velado em um complexo funerário na Aldeota , e por volta das 15h30, partiu em um comboio composto por dezenas de veículos pela BR-116, até a sede da PRF, no bairro Cajazeiras, onde amigos e familiares prestaram mais uma homenagem.

No pátio da superintendência do órgão, diante do corpo de Harry, que estava com a farda da PRF, amigos se emocionaram ao falar das virtudes do policial, conhecido pelo sorriso fácil e pela forma carinhosa com que tratava todas as pessoas.

Da PRF, o comboio seguiu para o Parque da Paz, onde centenas de pessoas acompanharam o sepultamento. O pai de Harry, Ivo Girão do Amaral, 62, afirmou que o filho não realizou todos os sonhos, mas deixou um legado para quem pretende vencer na vida.

Para Maria das Graças de Lima Amaral, 61,mãe do policial, a dor de perder o filho é como se rasgassem o seu coração.

PROTAGONISTA
Profissionalismo

Harry Igor Lima Girão, 40 anos


Formado em Engenharia, o policial rodoviário federal estava há cerca de 14 anos na Corporação, onde atualmente comandava

as equipes da PRF na Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops). Fez mestrado e outros cursos fora do País.

O nome Harry Igor foi uma homenagem do pai a dois engenheiros aeronáuticos que participaram de projetos espaciais na Nasa (EUA)


NATHÁLIA LOBO/EMERSON RODRIGUES
REPÓRTERES
Fonte Diario do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário