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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Carta aos leitores, 10/Agosto 2010.

Retirado do blog da Policia Militar E. do Rio de Janeiro
Acho que devo uma explicação para alguns leitores desse espaço que foi criado por praças e para praças de polícia. Já fiz um comentário em uma postagem anterior do porquê ter perdido o interesse em continuar esse trabalho, sinceramente, não me interessa nem relembrar em qual postagem fiz esse comentário, mas está lá. Não sabem como me dói ter que adimitir a derrota, magoa lá no fundo, mas tenho que ser realista e aceitar os fatos: A nossa classe é desunida demais para conquistar alguma coisa, e só choramos quando somos prejudicados, quando perdemos uma "camisa" ou algo pior acontece, do contrário, ficamos caladinhos usufruindo das benesses temporárias o máximo possível, ignorando todo o resto, porque enquanto "eu estiver me dando bem", que se dane o companheiro que está se arrebentando. Nesses mais de três anos me colocando em risco, risco de perder a condição de policial, mesmo que financeiramente não pese muito em meu orçamento, risco de ser presa, pensando sempre, no final de cada dia que um companheiro da segunda seção, talvez até que tenha trabalhado comigo quando ainda fazia parte da P/2, venha até minha casa e me leve presa para ser atirada na cova dos leões, e sei que se isso acontecesse poucos de vocês se importariam, e sabem porquê? Não seria com vocês, não seriam as suas vidas que sofreriam esse baque, e sim a minha. Passei por muita coisa para manter esse blog funcionando, me expus de uma maneira que até um escoteiro poderia me achar, entretanto, dei muita sorte de ter trabalhado na "inteligência" da corporação e ver que, apesar do nome, inteligência não é o forte da segunda seção. Agradeço aos agentes que me alertaram, amigos fiéis com os quais tenho uma dívida enorme, para vocês eu digo obrigada. Existiram muitos fatores resposáveis que fizeram com que o "Praças da PMERJ" chegasse ao que chegou, mas o principal é que eu cansei, porque se fosse só o oficial, eu juro a vocês, continuaria a fazer as minhas postagens diárias, denunciando e esclarecendo com o meu ponto de vista as mazelas de nossa corporação, mas quando vejo praça contra praça, quando noto a falta de personalidade de meus companheiros, que são pilhados pelo maldito oficial e que por conta disso travam uma batalha uns contra os outros, esquecendo da força que teríamos se todos olhássemos para o coletivo fico decepcionada, assim como eu acho que se fossemos uma polícia única, quando digo única não estou falando da união entre polícia civil e militar, quando falo em polícia única me refiro somente a polícia militar e se realmente não hovessem divisões de classes nessa polícia, que é o sustentáculo da ordem dessa favela gigante chamada Rio de Janeiro, se realmente existisse união, se não existisse segregação entre a nobreza e a plebe, conseguiríamos o que quiséssemos do governador e digo mais: Pela importância de nosso estado para a Federação, conseguiríamos encostar na parede até o presidente. Infelizmente a maioria dos políticos sabe disso, por isso nos dividem, dando privilégios para os idiotas que pensam que são parte da nobreza, mas não passam de bobos da corte, inclusive olhando para alguns uniformes penso se realmente a metáfora não é verdadeira. E é assim, nos dividindo, que os governates nos mantém na condição, muito confortável para eles, de militares, em contrapartida, uma minoria estrelada, usa do mesmo artifício para continuar mantendo seus privilégios de bobos da corte e subdividem o restante da corporação. Criam cursos para sargento para que o soldado vislumbre uma possibilidade de crescer pelos estudos, mas a única coisa que ele consegue é ganhar como sargento mais tempo que os outros, gerando assim uma insatisfação e colocando-os em pé de guerra com quem esperou durante muito tempo para adquirir suas divisas, só podendo ostentá-las depois do curso de confirmação de divisa de cabo e tendo a obrigação de confirmar as de sargento. Praça brigando com praça. Enquanto isso um oficial vai de aspirante a major no mesmo período que um soldado vai a sargento, mas para o praça isso não importa, o que importa é pisar na cabeça de quem esperou quinze anos para ser promovido só porque os oficiais não querem promovê-lo, como seria o certo. Isso sem falar na gratificação dada para os aptos que faz com que exista uma verdadeira guerra entre o expediente e os ponta de lança e, além dessa, ainda existe a picuinha entre a saúde e os combatentes, o BOPE, que se acha outra polícia e por aí vai. Gente, estou cansada! O blog vai continuar aqui, quem sabe o ânimo de escrever não retorna?! Mas vendo que somos mais de trinta mil praças nesse estado e analisando que, mesmo nos melhores momentos desse blog, nunca passamos de cinco mil visitas diárias, nunca tivemos mais de cinquenta pessoas on line simultânemente e sabendo que não são só praças que entram aqui, vejo o quanto de interesse existe na grande maioria dos praças de que a coisa continue como está, e por essa razão, eu entrego os pontos. Como disse Elis Regina: "Eles veceram" e o sinal vai continuar fechado para todos nós, uma minoria eu sei, que um dia sonhou em sevir em uma polícia militar única, justa e imparcial. Obrigada!
Postado por Mônica

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