Kellyanne Pinheiro | 11h31m | 03.01.2012
Nos últimos dias de 2011, a população cearense tem revivido momentos da primeira greve dos policiais, que neste ano, completará 15 anos . No dia 29 de julho de 1997, 376 policiais aderiram a paralisação durante uma passeata dos em direção a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDC), no cruzamento das avenidas Barão de Studart e Abolição. Ocorreu um grande conflito entre os Policiais Militares e a tropa do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE). Tiros foram disprados e um deles atingiu pelas costas o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mauro Benevides, no ombro. Sete pessoas ficaram feridas, entre elas o comandante-geral da PM e o tenente-coronel Antonio Oliveira Ferreira, atingido na perna.
Policiais militares e civis foram às ruas exigir melhores condições de trabalho e reajustes salariais. Os policiais civis buscavam abono salarial de 22,45% como pricipal reivindicação, além de, melhores condições de trabalho, aquisição de material como municação, armamento adequado e pagamento de horas extras.
Já os PMs pediam aumento salarial a partir de 1º de agosto, aumento do soldo de R$48,00 para um salário mínimo de R$120,00, pagamento de diárias operacionais em caso de faltas por doença, escala de extra remunerada e aumento do percentual de risco de vida.
De acordo com arquivos do Diário do Nordeste, o General Cândido Vargas Freire, afirmou que os policiais que tivessem menos de dois anos de farda seriam demitidos e os demais seriam punidos.
Quinhentos e um policiais foram identificados em fitas de vídeo, fotografias e declarações dos oficiais presentes. Destes, 75 foram afastados por 60 dias das atividades. Treza policiais foram escolhidos, sem nenhuma explicação plausível e tiveram suas fardas e carteiras militares cassadas e excluídos da corporação.
Se acordo com o Secretário da Segurança Pública e Defesa da Cidadania, general Cândido Vargas de Freire, o julgamento dos policiais identificados no movimento não ultrapassaria 15 dias.
A lista com os nomes dos policiais afastados, foi publicada no Diário Oficial no dia 04 de agosto de 1997. Nove sargentos, três cabos e 58 soldados foram punidos.
Confira as principais notícias do Diário do Nordeste na época
Não consegue visualizar? Atualize seu Adobe Flash Player!
PMs punidos
Todos os policias expulsos tinham comportamento considerado bom, ótimo ou execpcional. Raimundo dos Santos Barbosa foi tido como excepcional, escolhido o policial cidadão do Grande Pirambu e recebeu a Comanda Geral da PMC, diploma de mérito profissional por sua dedicação nos 10 anos e dois meses que esteve à serviço da corporação. Porém, foi expulso.
PMs fiéis recebem homenagem
O governador Tasso Jereissati, homenageiou o Batalhão de Choque e o GATE por lutarem contra os policiais civis em greve. A homenagem ocorreu no dia 05 de agosto e foi dedicada aos policiais civis que permaneceram fiéis. Cento e um policiais miliatres receberam elogio público e cinco dias de dispensa. Os quatros PMs feridos, ganharam medalhas.
Cinquenta e um dos 91 policiais homenagados receberam de imediato carta de crédito e mais uma poupança de R$ 500,00.
Apoio nacional
O Presidente da República do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, apoiou a decisão do governador Tasso Jereissati em punir os PMs identificados no protesto e declarou que os policiais em greve são desertores. "Quem usa arma não tem o direito de fazer greve".
O Presidente ainda autorizou a liberação das tropas para serem empregadas no Ceará, à pedido do Tasso.
O movimento grevista chegou ao fim no dia 31 de julho de 1997, às 12h30.
DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário