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sexta-feira, 8 de março de 2013

Hugo Chávez e Fidel Castro, uma aliança mutuamente indispensável


Morre Chávez

DA AFP, EM CARACAS

Hugo Chávez teve no ex-ditador cubano Fidel Castro um mentor que o orientou desde a ascensão política na Venezuela e que o ajudou nas adversidades --ajuda que o chefe de Estado venezuelano, que morreu nesta terça-feira (5), recompensou contribuindo no resgate da anêmica economia cubana às custas do petróleo e de subsídios.
Durante duas décadas, Chávez e Castro foram amigos, aliados e confidentes, que se apoiaram incondicionalmente em política interna e externa, até o ponto de o venezuelano querer preparar o terreno para unir os dois países em uma federação, o que foi rejeitado por seus compatriotas em um referendo constitucional em 2007.


Fidel é, para mim, um pai, um companheiro, um professor de estratégia perfeita. Nós dois temos que agradecer a vida por termos nos conhecido", admitiu Chávez em uma entrevista em 2005 ao jornal oficial cubano Granma.
O líder da revolução cubana reparou no tenente-coronel Chávez, 28 anos mais novo que ele, quando o venezuelano liderou em 1992 um frustrado golpe de Estado contra os velhos e desgastados partidos do país.
O jovem revoltado passou dois anos na prisão e, ao sair, foi convidado pessoalmente a Havana por Fidel, que o recebeu aos pés da escada do avião como um chefe de Estado.
Desde o triunfo da revolução cubana, Fidel Castro havia prestado uma atenção particular à Venezuela por sua riqueza petrolífera e porque o presidente social-democrata Rómulo Betancourt havia se convertido na vitrine da Aliança para o Progresso, programa com o qual Washington procurava contrabalançar o contágio revolucionário cubano.
Cuba forneceu, então, ajuda militar às guerrilhas comunistas venezuelanas.
Adalberto Roque-13.dez.1994/AFP
Fidel recebe Hugo Chávez em visita do então militar venezuelano a Cuba, em 1994
Fidel recebe Hugo Chávez em visita do então militar venezuelano a Cuba, em 1994
ATRAÇÃO GEOPOLÍTICA
Para Cuba, "a Venezuela sempre foi muito atrativa em termos geopolíticos porque tem o que a ilha não possui: petróleo e energia", explica à AFP o historiador e escritor Angel Lombardi, para quem o líder cubano não perdeu a oportunidade.
"Fidel sempre apostou em aproveitar situações políticas em outros países para criar influência na região. E um golpista encaixava perfeitamente neste esquema", disse Lombardi.
A convergência ideológica não ocorreu imediatamente, mas Fidel aproveitou o fato de que Chávez "não tinha nenhuma formação e era um político que se acomodava às circunstâncias para atraí-lo", afirma Lombardi.
Com a chegada ao poder do venezuelano, em 1999, os dois presidentes começaram a se ver com frequência, forjando uma aliança observada com muita atenção pela região e por Washington.
A oposição conservadora venezuelana começou, por sua vez, a se inquietar, à medida que cresciam os rumores sobre a influência política de Castro em Chávez e os dois exibiam orgulhosos sua boa sintonia, disputando partidas de beisebol ou fazendo turismo pelo país petroleiro.
"Precisam multiplicar Chávez por 5.000, por 10 mil, por 20 mil", declarou em uma ocasião o líder comunista, que cedeu a ele muito rápido as bandeiras do anti-imperialismo e o propulsou no cenário internacional como o novo líder da esquerda revolucionária.
A aposta de Fidel por Chávez foi retribuída rapidamente. Os dois assinaram em 2000 um convênio que segue em vigor e através do qual a Venezuela fornece hoje cerca de 130 mil barris diários de petróleo a condições preferenciais.
Reprodução-29.jun.11/AFP
Fotografia oficial do governo cubano de 2011 mostra o então presidente venezuelano Hugo Chávez com Fidel Castro
Fotografia oficial do governo cubano de 2011 mostra o então presidente venezuelano Hugo Chávez com Fidel Castro

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