sábado, 22 de março de 2014
Marcha da Família pedindo intervenção militar no Brasil ocorre em diversas cidades
Em São Paulo, a Polícia Militar estima que mil participaram do ato, organizado via redes sociais. O trajeto foi o mesmo da primeira Marcha, ocorrida dias antes do Golpe Militar de 1964, que completa 50 anos em 1° de abril; concentração na Praça da República e caminhada até a Praça da Sé. Houve registro de um fotografo independente agredido e um homem hostilizado por estar vestido de vermelho, que saiu do ato antes mesmo de ele começar sob os gritos de "Fora petista!" e uma manifestação anti-Marcha da Família, que relembrou que as vítimas da Ditadura militar foram torturadas.
Ato no Centro de São Paulo. Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
Também na capital paulista, mas na Zona Sul, um manifesto reuniu sete homens no Obelisco do Ibirapuera. Juntos, eles entregaram uma carta ao Exército pedindo a volta da Ditadura.
Já no Rio de Janeiro o ato que pede a intervenção de militares para retirar do poder os "políticos corruptos, moralizar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, promover valores morais e então convocar novas Eleições apenas para fichas limpas" reuniu cerca de 200 pessoas, que percorreram o Centro da cidade, entre a Candelária e o Palácio Duque de Caxias, gritando os nomes de ícones do período em que o Brasil foi governado por um regime militar.
Ato no Rio. Foto: Mauro Pimentel/Terra
Ato em frente à 24ª Circunscrição de Serviço Militar, na Zona Leste de Natal. Foto: Fred Carvalho/G1 RN
Saiba como foi a Marcha da Família original, em 1964.
A “Marcha da Família Com Deus pela Liberdade” ocorreu em 19 de março de 1964 e reuniu cerca de 500 mil pessoas. O ato começou na Praça da República e terminou na Praça da Sé, percorrendo no caminho a Rua Barão de Itapetininga, Praça Ramos de Azevedo, Viaduto do Chá, Praça do Patriarca e Rua Direita. A marcha foi convocada como uma resposta ao comício que o presidente João Goulart fez na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em 13 de março, quando defendeu suas reformas de base para um público de 200 mil pessoas. Os manifestantes eram contra o governo de João Goulart, pois temiam a implantação de um regime comunista no Brasil, e favoráveis ao Golpe Militar.
Ela foi organizada pela União Cívica Feminina, um grupo de mulheres com ligação com empresários paulistas. Segundo a historiadora Heloísa Starling, da Comissão Nacional da Verdade, a Marcha teve ainda apoio de setores da Igreja Católica e acabou se tornando o modelo para manifestações que começaram a ocorrer em diversas outras cidades. Para a historiadora, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi a “face mais espetaculosa dos golpistas” em 1964. O ato e as manifestações em outras cidades que se seguiram fizeram parte de uma grande “frente social” que teve ainda participações de setores do comércio, imprensa e estudantes. “Era necessária essa mobilização popular para legitimar o golpe”, segundo Heloísa.
Quase duas semanas depois da Marcha, em 31 de março, o Exército mobiliza tropas e começa a tomada do poder. Em 11 de abril, o general Castello Branco é nomeado o primeiro presidente do período de ditadura, que durou 20 anos. O regime de exceção durou no país até o começo de 1985, quando o governo do general João Baptista de Oliveira Figueiredo foi sucedido por José Sarney (PMDB). À época, Sarney era vice de Tancredo Neves, eleito pelo Colégio Eleitoral após o movimento Diretas Já. Durante a ditadura, opositores do regime foram exilados, presos, torturados e assassinados. Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade foi instalada pela presidente Dilma Rousseff para apurar as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, período que inclui a Ditadura militar. A comissão tem até 16 de dezembro de 2014 para concluir os trabalhos. (Fonte: G1)
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