A
reputação de Dilma Rousseff, até aqui, se amparava em duas coisas: foi
torturada durante a ditadura militar e não delatou (“coração valente”);
embora seja um fracasso como administradora, nunca roubou em causa
própria e nem deixou que roubassem (“a faxineira ética”).
Aí vem a Lava-Jato e carimba na testa de Dilma a acusação de que ela
comanda o governo mais corrupto da História do Brasil. Mais corrupto do
que os dois governos de Lula. Estamos diante de uma injustiça com Dilma,
invenção de Lula, o presidente do mensalão, apontado dentro do governo
como o verdadeiro responsável pela montagem do esquema que assaltou a
Petrobras?
Lula, que antes de subir a rampa do Palácio do Planalto pela primeira
vez, morava de favor em apartamento de um amigo, e dois anos depois de
ter descido a rampa pela última vez já era um homem rico? Pouco importa
que, sob esse aspecto, não se faça justiça a Dilma. A vida é assim e
pronto.
A mais recente pesquisa do Datafolha aponta a corrupção como o maior
problema do país. Desde 1996, ela jamais havia sido citada como o
problema campeão das aflições dos brasileiros. O campeão sempre foi a
Saúde. De resto, Dilma não é tão inocente como parecia.
Em depoimento à Lava-Jato, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse
que fora consultado por Dilma, na época ministra das Minas e Energia de
Lula, sobre a indicação de Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras.
Cerveró está preso. Delcídio, também. Paulo Roberto Costa, outro
ex-diretor da Petrobras, está solto. Compareceu como convidado de Dilma
ao casamento da filha dela em abril de 2008.
Em breve, Cerveró começará a contar o que sabe sobre a compra
superfaturada da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Como
presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Dilma acompanhou
tudo de perto. Desconfiada por natureza, cobrou explicações à farta.
Para ao fim e ao cabo, ao explodir o escândalo, culpar Cerveró pelo mau
negócio.
Dilma carece de competência e conhecimento para o exercício do cargo,
e de prazer para governar. É uma mulher atormentada por seus demônios.
Lula imaginou pilotá-la e voltar à presidência quatro anos depois de ter
saído. Dilma o impediu.
Centralizadora e autoritária, ela mantém distância de pessoas
criativas e de espírito livre. Prefere cercar-se de tarefeiros à sua
imagem e semelhança quando jovem. Na luta contra a ditadura de 64, Dilma
não passou de uma tarefeira. Uma aplicada e obediente tarefeira na
organização política à qual pertencia. Mas nada mais do que uma
tarefeira.
Seu maior feito foi suportar a tortura sem entregar ninguém. Obrigada
como presidente a conceber e dar ordens, encrencou-se. E entregou a
sorte do país às incertezas de uma crise econômica que destrói seis mil
empregos formais por dia. A crise política é a irmã mais nova da crise
econômica. Dilma é a mãe das duas.
Admiradora de Brizola, ela viu em Lula seu passaporte para o cume do
poder. Ali, não conseguira chegar usando armas. Chegou compartilhando a
ideia de que era preciso manter o poder pelo máximo de tempo possível
para mudar o país. Aprendeu com Lula que, sem dinheiro fácil, o poder
vira uma quimera.
Se não roubou, Dilma arrisca-se a ser condenada por conivência.
Falta-lhe autoridade política para enfrentar o difícil momento que o
Brasil atravessa. Seu governo é uma nau sem destino repleta de
medíocres, inclusive ela mesma.
As crises que paralisam o país só serão resolvidas em menos tempo se a
tarefeira abdicar. Ela carece de greandeza para isso. Ou então se ela
for removida rigorosamente de acordo com a lei.
Por Ricardo Noblat
Blog Robson P.
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