Habilidoso, líder nato, lateral-direito, depois zagueiro, o Capita, como era carinhosamente chamado, levantou a taça do tricampeonato de 1970 pela Seleção
O gesto imortal de Carlos Alberto Torres após a conquista do tri pelo Brasil 1970 (Foto: Agência AP)Casado três vezes - uma das esposas foi a atriz Terezinha Sodré -, o capitão do tri, que também foi vereador no Rio, de 1989 a 1993, pelo PDT, estava em casa jogando palavras cruzadas quando passou mal, na Barra da Tijuca. Ainda foi levado para o Hospital Riomar, onde chegou por volta das 11h (de Brasília) com parada cardiorrespiratória, mas as tentativas de reanimá-lo foram em vão. O detalhe é que Carlos Alberto tinha um irmão gêmeo, Carlos Roberto, falecido há um mês. O enterro será na manhã de quarta, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio.
- Tudo foi feito, mas não teve reanimação. Foi provavelmente um infarto agudo do miocárdio. Algumas vezes obtemos êxito. Teríamos condições de reanimar com procedimento, mas ele não nos deu essa chance. Ele já tinha algumas doenças que poderiam levar a esse fato. Sem contar a idade, 72 anos. Chegou acompanhado da esposa, desacordado, sem nenhuma resposta e sem sinais de vida naquele momento. As manobras foram adotadas naquele momento, mas não obtivemos resposta. É lamentável - disse o médico Marcelo Meucci.
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Nascido
 a 17 de julho de 1944, carioca do bairro da Vila da Penha, Carlos 
Alberto, seja como lateral-direito, onde começou na base do Fluminense, 
seja como zagueiro, sempre desfilou pelos gramados uma classe com a bola
 nos pés em que não ficava para trás nem para um astro do nível de Franz
 Beckenbauer. Santos, Botafogo, Flamengo e New York Cosmos tiveram em 
campo a sua classe. Era reverenciado no mundo todo pelo seu passado. 
Depois, como treinador, o Capita, como era carinhosamente chamado, teve 
como pontos altos a conquista do Campeonato Brasileiro de 1983, pelo 
Flamengo, da Copa Conmebol, em 1993, pelo Botafogo, e do Campeonato 
Carioca de 1984, pelo Fluminense.
No
 tour da Taça Fifa antes da Copa de 2014, realizada no Brasil, Carlos 
Alberto Torres repetiu o beijo que dera na Jules Rimet em 1970. Capitão 
ganhou títulos como jogador e técnico (Foto: Gaspar Nobrega / Inovafoto 
Divulgação)
Como 
jogador, Carlos Alberto conquistou uma penca de títulos. No Fluminense, 
onde começou a carreira, ganhou o Carioca em 1964, quando estourou, e 
depois, no seu retorno, os de 1975 e 1976, com a famosa Máquina montada 
pelo presidente eterno Francisco Horta. No Santos de Pelé, onde chegou 
em 1965, ainda garoto, e viveu o auge, atuando ao lado de craques como o
 próprio Rei do Futebol, Edu e Clodoaldo, companheiros de tricampeonato 
mundial, levou a Taça Brasil em 1965 e 1968, o Torneio Rio-São Paulo em 
1966, a Recopa Sul-Americana em 1968 e muitos campeonatos paulistas - 
1965, 1967, 1968, 1969 e 1973.
Em sua breve passagem pelo 
Botafogo em 1971, emprestado pelo Santos, Carlos Alberto Torres não 
conquistou títulos mas teve também presença marcante, atuando ao lado de
 craques como Jairzinho, Paulo Cezar Caju e outros. Depois, voltou ao 
Peixe, ainda no mesmo ano, onde ficou até 1974. Retornou então ao 
Fluminense, onde viveu outro grande momento em sua carreira, com a 
Máquina de Rivellino, Paulo Cezar, Pintinho, Doval & Cia.
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Saiu
 da Máquina em 1977 para atuar no Flamengo de Zico, onde também passou 
em branco mas viu começar ali aquela que seria a maior equipe 
rubro-negra da história. Depois, reviu Zico, Junior, Leandro e Adílio 
quando os comandou na conquista do Brasileiro de 1983.
O pouco
 tempo no Flamengo como jogador teve explicação. O New York Cosmos o 
queria. Já como zagueiro, Carlos Alberto foi para a equipe americana 
recém-montada para atuar com supercraques. O Cosmos ficou conhecido por 
reunir uma verdadeira seleção mundial, de Pelé a Franz Beckenbauer. E o 
Capita, por lá, foi campeão por quatro temporadas - 1977, 1978, 1980 e 
1982. Levantar taça era com ele mesmo.
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E
 quando, no estádio Azteca, levantou a Jules Rimet, a maior que 
conquistou, no tricampeonato de 1970, no México, Carlos Alberto 
eternizou não só o gesto, mas também uma geração fora de série. Zagallo 
sempre dizia que fora de campo era o comandante, mas, no gramado, era o 
seu capitão, o porta-voz. O gol marcado pelo lateral-direito, o último 
na goleada por 4 a 1 sobre a Itália na grande final, sintetizou o que o 
então camisa 4 e toda aquela Seleção tinham de melhor. A jogada, que 
iniciou da intermediária com série de dribles de Clodoaldo, foi de pé em
 pé até Pelé dar um simples toque para o lateral, que vinha de trás. A 
bola ainda deu uma pequena subida antes de o jogador desferir o potente 
chute que estufou a rede.
Carlos
 Alberto era um jogador moderno para o seu tempo. Tinha forte poder de 
marcação, a ponto de poder ter atuado, já como veterano, na zaga. Era 
também dono de uma rara habilidade e contava com fôlego e capacidade 
para subir ao ataque como elemento surpresa. 
Liderança como jogador e técnico
Sua
 história na Seleção começou em 30 de maio de 1964, contra a Inglaterra,
 no Maracanã, na goleada por 5 a 1. Foram 69 partidas com a camisa 
verde-amarela e nove gols marcados. Um número considerável para um 
lateral-direito. Na Seleção sentiu-se à vontade como nos clubes para 
exercer uma liderança dentro e fora de campo, principalmente no 
tricampeonato mundial de 1970, ao lado de Pelé e Gerson.
Como 
jogador, Carlos Alberto Torres ainda teve uma breve passagem pelo 
California Surf, até retornar ao Cosmos e encerrar a carreira em 1982. 
Não demorou muito, no entanto, para o Capitão voltar a frequentar o 
mundo do futebol, mas como treinador. Numa decisão ousada na época, o 
Flamengo, em crise na tabela do Brasileirão, convidou Carlos Alberto 
para ser o técnico. O time tinha sido campeão em 1982, mas passava por 
mau momento naquele período. O Capita assumiu a equipe e a levou a uma 
reação na tabela rumo ao tricampeonato brasileiro, na final sobre o 
Santos, vencida por 3 a 0, num Maracanã com mais de 150 mil pessoas.
Ali
 era o começo de uma carreira como treinador com altos e baixos. Sim, 
Carlos Alberto não foi como técnico tão brilhante como era no gramado 
com a bola nos pés. Mas teve momentos importantes. No Botafogo, comandou
 uma equipe limitada tecnicamente rumo à conquista de uma competição 
internacional, a Copa Conmebol, conquistada em 1993. A final foi contra o
 Peñarol. Depois do 1 a 1 em Montevidéu, os dois times voltaram a 
empatar, mas por 2 a 2, no Maracanã. A disputa foi para os pênaltis, com
 vitória alvinegra por 3 a 1. Tanto ao lado de craques consagrados como 
comandando jogadores jovens e desconhecidos, com ou sem braçadeira, o 
Capita tinha liderança e estrela.
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