Detentos foram transferidos para pavilhão onde está facção 
rival. Sindasp-RN alerta para possíveis desdobramentos em outras 
unidades. 
O Sindasp-RN protocolou um ofício para o Governo do RN, nesta 
segunda-feira (20), alertando para "altíssimo risco" nos desdobramentos 
da operação que juntou presos de facções criminosas diferentes no 
Pavilhão 5 de Alcaçuz. A operação da Força Tarefa de Intervenção 
Penitenciária do Ministério da Justiça foi realizada nesta manhã e 
transferiu cerca de 800 detentos dos pavilhões 1, 2 e 3 para o Pavilhão 
5.
Confira abaixo o ofício do Sindasp-RN:
Oficio nº 000/2017-SINDASP/RN
Natal, 20 de março de 2016.
Ao Excelentíssimo Senhor
ROBINSON FARIA
Governador do Estado do Rio Grande do Norte
NATAL-RN
Governador do Estado do Rio Grande do Norte
NATAL-RN
Senhor Governador,
Ao cumprimentar Vossa Excelência, o Sindicato dos Agentes 
Penitenciários do Rio Grande do Norte – SINDASP/RN vem por meio deste, 
respeitosamente, expor nossas motivações sobre a operação que se deu 
início pela Força Tarefa de Intervenção Penitenciária do Ministério da 
Justiça na madrugada desta segunda-feira no Complexo de Alcaçuz.
Cabe aqui destacar que tanto este Sindicato como todos os Agentes 
Penitenciários do Estado do Rio Grande do Norte, somos os primeiros 
apoiadores da retomada do controle das unidades prisionais do Estado e 
combate rigoroso as facções criminosas que atuam nos presídios 
estaduais, visto que essa sempre foi a nossa bandeira, bem como, fizemos
 inúmeras advertências para o aumento do fortalecimento das facções 
dentro das unidades.
Quanto a operação que foi deflagrada hoje pela FTIP do MJ, que 
retirou todos os presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz (mais de 
800 presos) levando-os para a Penitenciária Estadual Rogério Coutinho 
Madruga onde já estão confinados cerca de 440 presos, perfazendo um 
total de mais de 1200 apenados.
A retirada de todos os presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz 
tem como objetivo dar início as obras de recuperação da unidade que teve
 todos os pavilhões, cozinha e outros setores quase que completamente 
destruídos durante os dias de motim que se estendeu entre os dias 14 a 
27 de janeiro de 2017.
Importa ressaltar que a recuperação da Penitenciária Estadual de 
Alcaçuz deve ser realizada pelo Estado, bem com a sua retomada, visto 
que os apenados até o presente momento ainda não foram responsabilizados
 pelos danos causados durante os dias de motim.
Embora seja evidente a necessidade de reconstrução da referida 
unidade prisional, a operação idealizada pela FTIP do Ministério da 
Justiça trata-se de uma operação de ALTÍSSIMO RISCO, não pelo fato de 
confinar no mesmo ambiente presos da facção PCC juntamente com presos da
 facção SCRN.
Trata-se de uma operação de ALTÍSSIMO RISCO em face dos 
desdobramentos para o que poderá acontecer para além do Complexo de 
Alcaçuz. Na perspectiva de segurança dentro do referido complexo, não há
 dúvida que o pessoal que compõem a FTIP tem plenas condições de manter a
 ordem, disciplina e segurança. Serão mais de 100 agentes altamente 
treinados e que irão permanecer no local realizando vigilância 
aproximada 24 horas por dia, diminuindo o risco de novos confrontos 
entre as facções.
Mesmo assim, é importante advertir para o que poderá ocorrer em 
outras unidades prisionais do Estado. É do conhecimento de todos que 
todas as demais unidades do Estado estão em condições de 
vulnerabilidade, sem estrutura, sem pessoal e efetivo suficiente e todas
 estão com superlotação de presos. Em piores condições se encontram os 
20 (vinte) Centos de Detenção Provisória, todos superlotados e sem 
nenhuma estrutura para manter os mais de 1800 presos que hoje essas 
unidades estão custodiados, bem como a Penitenciária agrícola Mário 
Negócio, onde dispomos da pior estrutura prisional do estado, que 
custodia as duas facções, onde já chegaram a deflagrar o confronto entre
 pavilhões e no semiaberto, como também invasão de criminosos de fora da
 unidade.
Os efeitos colaterais que essa operação pode suscitar foram 
explanados pela Seção de Inteligência da SEJUC e também pela 
Coordenadoria de Administração Penitenciária. Contudo, em nenhum momento
 estes setores do Sistema Penitenciário do Estado, tampouco a própria 
SEJUC, órgão que administra o Sistema Penitenciário Estadual, bem como, 
os diretores das Casas Penais envolvidas, foram sequer convocados para 
opinar sobre tal operação, sendo uma decisão da Força Tarefa do 
Ministério da Justiça e prontamente encartada pelo Governo do Estado.
Queremos deixar claro que não somos contra tais medidas, mas excluir 
setores importantes e que conhecem o nosso Sistema Penitenciário, 
desprezando os alertas para os possíveis efeitos colaterais, julgamos 
não ser esse o melhor caminho a ser seguido ou a melhor decisão.
Além da probabilidade de uma nova onda de rebeliões tal qual 
aconteceu em março de 2015, e ainda de outros atentados conforme ocorreu
 em janeiro desse ano, o que mais nos preocupa é a vidas dos nossos 
servidores que já estão em constante perigo, visto que esse é o nosso 
bem mais precioso.
Em sendo assim, o SINDASP/RN ficará na expectativa de que tudo ocorra
 dentro da normalidade e que a operação tenha sucesso, contudo, 
ADVERTIMOS que os possíveis efeitos que essa operação poderá desencadear
 conforme os alertas de setores do Sistema Penitenciário local, a 
responsabilidade recairá única e exclusivamente sobre o Governo do 
Estado.
Na oportunidade, renovamos votos de máxima admiração, distinto apreço e imensurável respeito.
Respeitosamente,
Vilma Batista
Presidente do SINDASP/RN
Vilma Batista
Presidente do SINDASP/RN
O Câmera 
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