A
Sociedade Cearense de Pediatria (Socep) emitiu documento científico
alertando sobre as diferenças entre as manifestações da febre
chikungunya em bebês e adultos. A doença conhecida por causar dores nas
articulações, que atravessa epidemia no Ceará, apresenta lesões na pele
em crianças substancialmente diferentes do observado nos adultos,
sobretudo nos menores de seis meses de idade, destaca o documento
assinado pelo médico Robério Dias Leite, presidente do Departamento
Científico de Infectologia da Socep.
O
surgimento de bolhas torna necessário o tratamento em centros
especializados, dotados de Unidade de Terapia Intensiva (UTI),
principalmente quando as vítimas são crianças menores de seis meses. A
entidade ainda destaca o risco que correm recém-nascidos de mães que
tenham chegado ao parto ainda em estágio de transmissão da doença.
Entre
os riscos, estão as reduções no número de linfócitos e plaquetas no
sangue dos bebês. “As complicações incluem hemorragia cerebral, estado
epiléptico e falência múltipla de órgão”, afirma a Socep.
Entre
as cinco mortes já confirmadas este ano encontra-se um recém-nascido de
10 dias, divulgou a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), na semana
passada.
Para
impedir esse quadro, a Socep destaca a importância do combate aos focos
do mosquito Aedes aegypti. Recomendação específica para recém-nascidos é
o uso de “mosquiteiros”, uma vez que o uso de repelentes em menores de
seis meses não é indicado. Para os bebês maiores dessa idade, a Socep
recomenda o uso de repelentes.
O
alerta vem em meio ao registro de epidemia no Estado. Somente neste
ano, foram notificados 8.667 casos, 1.867 já confirmados. Mais da metade
dos casos ocorrem em Fortaleza — eram 5.483 só até abril. Em 2016,
foram 31.504 casos em 139 dos 181 municípios do Estado.
Somente
em 2014 foram registrados os primeiros casos da doença no Ceará — todos
em transmissões ocorridas fora do Estado. Apenas em 2015 surgiram as
primeiras transmissões autóctone.
Comumente,
a chikungunya se manifesta com febre, de 39 ou 40 graus. É acompanhada
de mal-estar, dores de cabeça e musculares, manchas avermelhadas e a dor
aguda nas articulações — principalmente, em joelhos, tornozelo, mãos,
cotovelos e ombros. Este sintoma é a grande diferença para a dengue,
também transmitida pelo Aedes aegypti e que causa dores mais moderadas.
Fonte: Tribuna do Ceará
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