Marília Castro Neves, do TJ-RJ, afirmou em comentário que a vereadora morta 'foi eleita pelo Comando Vermelho' e é 'um cadáver comum'
A desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), afirmou no Facebook que a vereadora Marielle Franco
(PSOL), assassinada na quarta-feira, estava “engajada com bandidos”. O
comentário foi feito como resposta a uma postagem do advogado Paulo
Nader, que chamou a parlamentar de “lutadora dos direitos humanos”.
“A questão é que a tal Marielle não era apenas uma
‘lutadora’; ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando
Vermelho e descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores”,
escreveu a magistrada, que insinuou que a morte da vereadora foi
consequência de cobrança de “dívidas”. “Qualquer outra coisa diversa é
mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto
qualquer outro”, finalizou.
Ativista dos direitos dos negros e das mulheres, Marielle
foi executada com três tiros na cabeça e um no pescoço, em um ataque que
também vitimou o motorista Anderson Gomes, que dirigia o carro em que
ela estava. As investigações já determinaram que a munição usada no
crime pertence a um lote destinado à Polícia Federal de Brasília em 2006
e que foi roubado. Balas do mesmo lote também foram usadas na chacina
que deixou 17 mortos na Grande São Paulo, em 2015.
À coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo,
que revelou o comentário, Marília afirmou que deu sua opinião “como
cidadã”. A desembargadora disse ainda que não conhecia Marielle até
saber de sua morte e que postou informações “que leu no texto de uma
amiga”. Ela criticou o que chamou de “politização” do assassinato.
“Outro dia uma médica morreu na Linha Amarela e não houve essa comoção. E
ela também lutava, trabalhava, salvava vidas.”
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