Por Erick, O Caçador
Estatísticas dizem que a Segurança Pública estadual melhorou, esse ano. Os números falam de vitória contra o Crime, mas a realidade insiste em ser diferente dos números...
O Sargento PMRN, Adailton Cristiano Silva, era um homem de bem e de família, pastor e bom servidor público, lotado no sucateado 11° BPM (unidade operacional policial onde, como é a regra, falta efetivo, faltam viaturas, mas fartam problemas e vagabundos folgados em sua perigosa jurisdição). Deus o tenha - é preciso dizer agora - pois esse homem de bem, o Sargento Cristiano, foi executado barbaramente na noite de na noite dessa sexta-feira, 20 de setembro, por marginais.
Os detalhes são sórdidos e revoltantes!
Com salários atrasados, o Sargento Cristiano vinha sobrevivendo, como a maioria dos policiais do RN, tendo que realizar jornadas extras de trabalho, no que seria seu horário de descanso. Num Estado sem efetivo suficiente para serviço na Segurança Pública ( PM com menos de 70% do efetivo previsto e Polícia Civil com apenas 25%), a Gestão adotou a Estratégia de manter escalas de serviços-extra, pagos com as chamadas Diárias Operacionais (D.O.s). Com esse artifício, se empurra com a barriga duas necessidades óbvias: a realização de concursos públicos na área de Segurança e, de quebra, também o dever legal de pagar em dia um salário digno, que atenda as necessidades da família policial. O descaso com a Segurança Pública e com seus operários é uma das causas da morte de Cristiano, como já o foi de tantos antes dele...
Então, à noite, o Sargento Cristiano voltava para casa após cumprir mais uma "escala de D.O." - fardado e, segundo os colegas que com ele falaram por último, sorridente.
Ao mesmo tempo que o militar despedia-se do serviço extra e vivia (sem saber) seus derradeiros momentos nessa Terra, um drama corriqueiro por demais acontecia na cidade de São Pedro do Potengi, distante dali alguns poucos quilômetros: uma quadrilha de vagabundos embarcados num Siena de cor prata roubou o veículo tipo Gol de um padre e fugiu.
A insegurança, o livre atuar da bandidagem em todos os rincões do Estado - essa é a leitura diária da população, sempre irônica (e com razão) diante das estatísticas positivas de Segurança apresentadas pelos prepostos do Governo. Na tabuada da realidade, as contas não fecham de forma satisfatória para o povo, tampouco para os guerreiros policiais que combatem na linha de frente. São os fatos reais que nenhuma maquiagem estatística pode esconder, nem se paga com D.O.s miseráveis.
Insegurança é insegurança.
Na estrada de Canabrava, distrito violento da cidade de Macaíba, próximo de uma certa ponte, há dois perigosos buracos em plena via. A tal estrada, uma "RN" em péssimo estado de conservação, é um retrato da ausência do Poder Público: onde está sendo empregado o oceano de dinheiro das multas de trânsito e impostos veiculares? Pois bem, nos buracos da pista já citados, os ladrões de carro sofreram um acidente de trânsito... O Gol roubado estourou um pneu e o Siena, tentando desviar, caiu pela ribanceira da estrada.
Sobrevivendo ao acidente, os marginais tiveram uma idéia típica dos que contam com a virtual inexistência de patrulhamento preventivo policial na área: atravessaram o Gol na pista, visando bloquear a passagem do próximo carro que transitasse no trecho - e tomá-lo de assalto.
É nesse ponto da história que o destino do Sargento PMRN Cristiano, um trabalhador honrado em retorno ao seio de sua família, se encontra com o grupo de criminosos em livrada fuga intermunicipal.
Surpreendido pelo ardil dos marginais, Cristiano furou o bloqueio trocando tiros com a quadrilha composta de cinco covardes, do tipo "vítimas da sociedade" - que os "Direitos Humanos" de Esquerda tanto defendem.
Os detalhes do confronto ainda são obscuros. O que se sabe é que Cristiano, após emboscado, lutou até o último cartucho e, ferido, foi capturado. Um ladrão foi alvejado também, nessa peleja.
O Sargento PMRN foi retirado do seu carro, pelos algozes. Ferido e sem munição, ficou à mercê dos vagabundos. Pediu a misericórdia de ter a vida poupada, citando a família de quem era pai e, nessa evocação de seus entes queridos, foi fuzilado à queima-roupa pelas "vítimas da sociedade". É que a escória criminal não acredita em audiências de custódia, nem em Direitos Humanos - isso fica para advogados de bandidos, judiciário e intelectuais de Esquerda.
Os "cidadãos em conflito com a lei" ( termo acadêmico politicamente correto para referir-se ao lixo humano sem cometer "bullying"), após chacinar o ser humano Cristiano, roubaram seu veículo Celta e continuaram a fuga. Porém, como já falado, o distrito de Canabrava não está apenas ao abandono de Segurança Pública... A estrada escura e mal-conservada cobrou aos vagabundos o mesmo pedágio que cobra dos moradores locais e, para lamento de todos aqueles que torcem por presidiários e malfeitores, a quadrilha caiu perdeu o controle do carro e despencou novamente na ribanceira da estrada.
Demonstrando o tipo de resistência peculiar aos celerados (talvez por conta do efeito excitante de drogas extraídas da folha de coca), os meliantes saíram do carro acidentado e partiram imediatamente para nova ação criminosa: atacaram numa festa e roubaram as motocicletas de alguns populares que se divertiam em paz!
Já então, as Forças da Lei e da Ordem haviam sido alertadas e faziam buscas pelas redondezas. Pouco depois, os ladrões assassinos foram interceptados por uma solitária viatura PM e, na confusão, abandonaram um dos seus para trás, baleado.
Conforme manda a Lei, o assassino capturado foi socorrido e levado ao Hospital Deoclecio Marques (Parnamirim), onde está sendo cuidado e preservado em sua integridade física e psicológica.
Até aqui, os fatos são esses.
Enquanto escrevo, me pergunto o que dirão, sobre esse caso, os mesmos políticos que fizeram questão de publicar nas redes sociais comentários criticando a morte do insano sequestrador da Ponte Rio-Niterói...
Termino esse relato dirigindo meus pêsames à família do Sargento PMRN Cristiano, mais um herói da Polícia martirizado nessa guerra inglória. Meu respeito vai também a todos os que, direta ou indiretamente, possam contribuir para que esse grupo de extermínio de policiais tenha um final compatível com seus maus feitos.
Ai de vós, policiais! Ai de nós...
Minha continência individual solene ao valoroso militar tombado em combate.
Erick Guerra, O Caçador
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