Três meses após a morte da filha, o pai e a mãe de Emanuele Medeiros contam a dificuldade que têm para tocar a vida com a saudade da filha.
Manoel da Costa e Maria Rita são os pais de Emanuele Medeiros, que morreu durante uma brincadeira na escola em Mossoró — Foto: Reprodução/Inter TV Costa Branca |
As aulas da turma da adolescente Emanuele Medeiros começaram na última segunda-feira (17) na Escola Municipal Antônio Fagundes, em Mossoró, mas ela não estava lá. Emanuele morreu em novembro do ano passado depois de bater a cabeça no chão ao cair durante uma brincadeira na escola. Três meses após a tragédia, os pais dela falam da dificuldade que ainda têm para tocar a vida sem a filha. “Muita saudade”, resumiram, emocionados, Manoel da Costa e Maria Rita.
A "brincadeira" que vitimou Emanuele viralizou em vídeos que circulavam na internet à época. Conhecida como roleta humana, ela envolve três pessoas - uma delas é girada para trás pelos outros colegas, como uma espécie de cambalhota. Durante o giro, Emanuele caiu e bateu a cabeça no chão. Ela teve traumatismo craniano.
Na última semana, novos vídeos em que adolescentes aparecem brincando de derrubar uns aos outros no chão dentro de escolas começaram a circular nas redes sociais e a preocupar pais e mães neste início de ano letivo. Dessa vez, a prática ficou conhecida como 'desafio da rasteira' ou 'desafio quebra-crânio'. Três pessoas participam: uma delas pula, as outras duas chutam seus pés e ela cai no chão, de costas. (Assista o vídeo de uma dessas brincadeiras sem futuro abaixo)
Preocupados, os pais de Emanuelle fizeram um apelo: "Pedimos aos adolescentes que não participem dessa brincadeira, não brinquem disso. Isso pode matar", disseram.
A repercussão dos vídeos fez com quem profissionais e entidades se manifestassem sobre os riscos desse tipo de "brincadeira". A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) emitiu uma nota alertando pais e educadores sobre o perigo de lesões irreversíveis ao crânio e à coluna vertebral. "A vítima pode sofrer danos no desempenho cognitivo, fratura de vértebras, perder movimentos do corpo e até morrer", diz a nota.
Morte após brincadeira
Três meses após a morte da filha, os pais da adolescente falam da saudade e do vazio que ficaram. “Lembro dela a todo momento. É muita saudade”, conta o pai. A mãe diz que também sente falta da filha no cotidiano da casa. “Ela me ajudava muito. O coração tá apertado, muita tristeza”.
Emanuele Medeiros tinha 16 anos de idade e cursava o 9º na Escola Municipal Antônio Fagundes, em Mossoró, Oeste potiguar. Ela começaria em 2020 o 1º ano do ensino médio e sonhava em ser enfermeira.
A estudante participava de uma brincadeira com outras duas pessoas que a seguraram e tentaram girá-la, como uma espécie de cambalhota. Durante o giro, ela caiu e bateu a cabeça no chão.
Dona Maria Rita conta que, depois da queda, o diretor da escola levou a adolescente em casa, para que buscasse os documentos e fosse para o hospital em seguida. “Ela falou comigo, disse que estava com dor de cabeça. Quando entramos no carro para ir ao hospital, não falou mais. No hospital eu passei o dia chamando por ela”, recorda.
Seu Manoel lembra que estava no centro da cidade fazendo pagamentos, quando recebeu a ligação do filho, informando que Emanuela estava internada. “Saí correndo. Cheguei lá e ela não tinha reação. Eu disse à médica 'doutora, tenho certeza que minha filha não está mais viva”.
Emanuela Medeiros foi internada no dia 8 de novembro e teve o óbito confirmado no dia 11.(RELEMBRE)
Emanuele Medeiros iria concluir o 9º ano e sonhava em ser enfermeira — Foto: Reprodução/Inter TV Costa Branca |
“Peço aos diretores e professores que tenham atenção com esse tipo de brincadeira. Quero alertar também a cada pai que converse com os seus filhos. O que aconteceu com minha filha pode acontecer com qualquer filho”, alerta Seu Manoel.
DO G1
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