Via Focoelho
"Eu chegava aqui por volta das 20h e deitava no chão. Não era fácil, tinha pedras, tinha frio, e eu me enrolava com um casaco e forrava o chão com algumas roupas", relata o estudante ao olhar para o lugar que dormiu de abril a junho de 2020, durante a pandemia do novo coronavírus.
Durante esse período, o jovem estudante recebeu algumas cestas básicas da escola em que estava matriculado, o que garantiu a alimentação durante os dois meses. "Eu usava o microondas que um vigilante da UFRN tinha e garantia minhas alimentações do dia", relembra, emocionado.
Motivos familiares fizeram o Vitório sair de casa. O pai faleceu quando ele tinha seis anos de idade, a mãe desenvolveu problemas psicológicos que, segundo o estudante, acabavam prejudicando os estudos. "Minha mãe tinha alucinações dos mais diversos tipos, morávamos em uma casa pequena, eu não tinha um espaço para estudar. Esses fatores me fizeram sair de casa", explica.
No mês de junho de 2020, o jovem conseguiu moradia em casas de amigos e um trabalho informal como garçom em um bar. Atualmente, ele está sob a responsabilidade de uma tia, que celebra a conquista do sobrinho. "Muito feliz pela aprovação dele. Apesar de tudo, de todas as dificuldades, conseguiu o que ele queria", diz Jani da Silva, que é cuidadora de idosos.
Hoje, aprovado em direito, Vitório sonha com um futuro promissor. "Eu encontrei na educação uma perspectiva de melhora. Eu espero ser um bom advogado, para depois ser um bom delegado. Esse é o meu sonho de vida, conseguir passar em um concurso público para poder ajudar outros jovens que estejam em situação de fragilidade", finaliza.(G1).
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