Ao contrário do que tenta fazer crer, Marcelo Odebrecht nunca foi o bobo da corte, muito menos um otário qualquer.
Bem-nascido, bem educado e bem relacionado, ele deixou-se coroar como o Rei dos Malandros.
Se tivesse vivido alguns meses na velha Lapa de Madame Satã, onde
Ismael Silva jantava no Capela e o imenso Boi tomava conta da porta do
cabaré Novo México, saberia que o Rei dos Malandros era um otário.
Doutor Marcelo nunca teve a competência do avô, faltou-lhe a
discrição do pai e chutou o balde de velhos sócios, julgando-se senhor
da Justiça baiana. Misturou caixa um com caixa dois e deu inédito
formato empresarial a um departamento de propinas.
Como Rei dos Malandros, Marcelo Odebrecht nunca foi
um bobo qualquer. Arruinou sua empresa, tisnou seu sobrenome, está na
cadeia, mas continua acreditando que os otários são os outros.
Por Elio Gaspari, O Globo
R. Pires
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