Como os peritos da PF usam fragmentos de DNA para desvendar crimes complicados
Embora o banco de dados genéticos com perfis de condenados e
investigados conte com o entusiasmo de peritos e investigadores, a
discussão sobre se a coleta realmente fere o direito de alguém não se
autoincriminar é uma ameaça real
Durante uma madrugada de março de 2014, a agência da Caixa na pequena
cidade de Cristalina, de 55 mil habitantes, no interior de Goiás, foi
praticamente destruída com a explosão de seus caixas eletrônicos, num
desses assaltos que se tornaram comuns no Brasil nos últimos anos. Horas
depois, na cena do crime, a perícia encontrou um boné preto e cinza
puído com alguns fios de cabelo em seu interior. Em maio do ano
seguinte, outra dessas máquinas da mesma instituição financeira foi
detonada com explosivos a mais de 2.000 quilômetros dali, em Gravatá,
Pernambuco. Um par de luvas verdes de borracha foi deixado para trás
pelos bandidos. Não havia impressões digitais identificáveis, mas dentro
da peça foram descobertos pequenos vestígios de pele.
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Quatro meses depois, de novo em Pernambuco, na cidade de Ribeirão,
foi explodida durante a madrugada uma agência – também da Caixa. Como
acontece muitas vezes nesse tipo de roubo, as coisas não saíram
exatamente como planejado, e gotas de sangue dos bandidos ficaram pelo
chão. Em outubro de 2015, mais equipamentos para sacar dinheiro foram
violados com explosivos em Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais. Os
peritos encontraram alguns objetos pessoais esquecidos na cena do
crime, entre eles uma escova de dentes. Em dezembro de 2015, gotas de
sangue foram encontradas nas estruturas de uma unidade da Caixa
arrebentada por bombas em Serro, também em Minas. Com o mesmo modus operandi,
mais aparelhos de transação financeira foram destruídos por detonadores
em Paiçandu, no Paraná, em janeiro de 2016. Uma espessa mancha de
sangue borrava uma das paredes da área detonada.
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