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domingo, 8 de novembro de 2015

Estudante da UFERSA expõe, no Chile, estudo sobre abandono de jumentos no RN

Foto: Josemário Alves
Por Josemário Alves
Diante da superpopulação de jumentos e o alto índice de abandono desses animais nas estradas do Rio Grande do Norte, em especial na região Oeste, o estudante do curso de Zootecnia da UFERSA, Leodécio Júnior, desenvolveu um estudo pioneiro que visa identificar os motivos pelos quais eles foram abandonados e avaliar possíveis soluções para esta problemática.
O trabalho foi destaque no Seminário de Iniciação Científica da UFERSA e será apresentado, também, em um congresso científico internacional no Chile.
A ideia partiu após perceber que os jumentos, em sua maioria abandonados por falta de utilização, estavam causando muitos acidentes nas rodovias e poderiam ser recolhidos e destinados para outra finalidade.
No estudo foram utilizados 104 animais apreendidos pelas polícias rodoviárias Federal e Estadual, que estavam abrigados em uma fazenda na cidade de Apodi. Segundo Leodécio Júnior, a ideia inicial foi identificar em que idade os jumentos estavam sendo abandonados.
“Dentre os animais que estudamos, a grande parte deles eram jovens e estavam em plena idade produtiva. Então, percebemos que eles estavam sendo abandonados por que eles estavam sendo substituídos, por exemplo, por outros meios de transportes, outros meios para a agricultura e pecuária. Um outro motivo também seria a estiagem que tem se passado na região, o que leva a diminuição do trabalho que esses animais teriam, ou seja, eles estão praticamente inúteis dentro das propriedades”, contou o estudante.
Apesar de não apontar uma solução definitiva para a problemática, Leodécio destaca que seu estudo permitirá a outros pesquisadores, identificar uma finalidade para esses animais, uma vez que, com eles soltos nas estradas, a perspectiva é que eles reproduzam e aumentem sua população cada vez mais. Entretanto, o estudante citou, durante entrevista ao MOSSORÓ HOJE, que o consumo da carne seria uma alternativa.
“Já foi pensado no consumo da carne de jumento. Isto seria uma serventia nessa área com certeza, apesar de polêmica, destacou.
Consumo da carne

A possibilidade do consumo humano da carne de jumento foi levantada em 2013 pelo promotor de Justiça de Apodi, Silvio Brito. Na época, ele argumentou que, sobre a legalidade, não haviam problemas.

“A lei não trata especificamente do consumo da carne de jumentos. Se a gente tiver os mesmos cuidados, vacinar essa carne, abater no abatedouro público, obedecendo os trâmites sanitários, não há nenhum impedimento para o consumo”, detalhou Silvio Brito.

Professores da UFERSA também, declararam na época, que a carne asinina era de boa qualidade e, por ser mais magra e mais saudável, seria bem aceita pelo consumidor.

Entretanto, a possibilidade não ganhou adesão popular e foi tido como desrespeito à cultura nordestina. Organizações não-governamentais de proteção animal também se mostraram contra.

Jumentos estão morrendo de fome e sede
Devido a severa estiagem que assola o Rio Grande do Norte há quatro anos, os jumentos recolhidos pela polícia rodoviária e entregues em uma fazenda na cidade de Apodi, estão morrendo de sede.
A Associação de Proteção aos Animais (APA) já abriga mais de 700 jumentos, desde que teve início o recolhimento nas estradas da região Oeste. Sem condições de cuidar de tantos animais, o administrador da associação, Eribaldo Gomes, suspendeu o recebimento desses animais.
Eribaldo, conhecido por Jesus, diz que algumas prefeituras da região até ajudam com a água, mas está chegando um momento, em que a situação se agrava. Falta alimento para os animais.
Ele conta que tudo o que pode fazer sozinho para os animais durante o ano, ele fez. “Não adianta receber animais abandonados na BR e abandoná-los dentro das fazendas”, frisou.
O cuidador de animais, Natan Mazaque, explica que chegou a levar água de casa para matar a sede os animais. “Tirei água de casa para tentar diminuir a sede de alguns animais porque dá dó”, informou ele durante entrevista a uma emissora de TV.
Sobre a situação, o promotor Silvio Brito desabafou nas redes sociais e criticou à falta de apoio à Associação de Proteção aos Animais (Apa) por parte de ambientalistas e outras autoridades.
“Para atacar pessoas, alguns "ambientalistas" capricham na maquiagem e vão a Brasília participar de reuniões inúteis... Porém, para ajudar verdadeiramente os animais, são incapazes de arregaçar as mangas e irem até ali, a Apodi, tentar aliviar o drama desses pobres animais. O mundo está entregue a gente assim, demagoga, hipócrita, inútil, mas que se comporta como herói (SIC)”.

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