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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Ouvidor da PMSP apoia desmilitarização


Ouvidor da PMSP apoia desmilitarização



Luiz Gonzaga Dantas critica conduta da corporação e sugere: desmilitarização deve ser adotada como solução para a violência
Em conversa com a reportagem da Revista Vaidapé, após debate promovido na PUC, o ouvidor da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Luiz Gonzaga Dantas, revelou que o cargo que ocupa – por ter total independência da corporação – abre a possibilidade de possuir uma visão crítica da atuação policial, de seus defeitos e avanços na relação com os cidadãos.
Responsável por aglutinar todas as reclamações e denúncias feitas contra a Polícia paulista pela sociedade civil e repassá-las ao Governador e ao Secretário de Segurança Pública do Estado – atualmente o promotor Fernando Grella –, Gonzaga admitiu que a truculência, a falta de habilidade no trato com os cidadãos e os altos índices de mortes são os principais pontos a serem destacados na atuação da PM.
Questionado sobre as causas que poderiam levar à postura violenta dos Policiais Militares, o ouvidor identificou a baixa carga-horária da disciplina de Direitos Humanos nos cursos de formação como fator relevante – reforçando, portanto, argumento do tenente Adilson Paes de Souza, defendido em tese apresentada na Faculdade de Direito da USP em 2011.
Gonzaga ainda disse acompanhar a opinião de relatório produzido pela ONU no ano passado em que a desmilitarização das Polícias é vista como primordial para que diminuam as ocorrências de violência promovida por agentes estatais. Assim, afirma, é possível ir à raiz do problema.
“A peculiaridade de a Polícia ser militar, e não civil, ressoa no comportamento dos policiais por fazerem parte de uma corporação essencialmente bélica”, explicou. A tese de que a militarização representa a origem da violência policial ganhou ressonância após a recomendação da ONU e começa a ganhar força na sociedade civil.
A intensa repressão nas manifestações de rua, com abordagens violentas e prisões arbitrárias, deu ainda mais fôlego para o debate sobre a desmilitarização. É preciso lembrar, no entanto, que as críticas vão muito além do arsenal de armas menos letais disparadas nos protestos no centro da cidade. 

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