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Se eu fosse por um momento
Deus, o Pai da criação...
Faria uma faxina
Sem usar pano ou sabão.
Limpando ou transformando
Coisas que não estão prestando
Encima e embaixo do chão!
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Todo político ladrão
Ia a júri popular.
Depois perdia o mandato
E voltava a trabalhar
Sem ter remuneração,
Em ONG ou associação,
Para nunca mais roubar!
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Dava ordens pra cessar
Os bombardeios no Iraque,
No Iran, na Palestina...
E a TV dava destaque.
Aos heróis lá das favelas,
Que combatem as mazelas
Tipo: cocaína ou craque...
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Matava a fome de pão
Pra quem quer se ajudar.
Mandava os vagabundos
Todos para trabalhar
Numa mina de carvão
Nas profundezas do chão
Pra aprender a se virar!
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Mandava trancafiar
“A turminha gente fina”
Que vivem roubando o povo
No congresso e na esquina...
Pra o baixo assalariado
Eu dava aumento dobrado
Para mudar sua sina!
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Não tinha loto nem quina,
Telessena ou loteria...
Porque tudo que é jogo
De azar eu proibia.
Porém o trabalho honesto
Sem o salário indigesto
Pra todo mundo eu traria!
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Eu jamais maltrataria,
Seja humilde ou orgulhoso.
Moldava o que não prestava,
Dava apoio ao primoroso.
Por ser um Deus de bondade,
Eu não fazia maldade,
Mas seria rigoroso!
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Prendia o mais perigoso
Sem ter chance de defesa.
O predador de animais,
Comigo ia virar presa.
Como chefe do planeta,
Escravizava o capeta
No porão da fortaleza!
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No meu reino com certeza,
Não tem júri popular.
Nem os tais advogados
Pra defender, acusar...
No meu reinado era assim,
Disciplinava o que é ruim
Para a bondade reinar!
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Dava um jeito pra ajustar
A nossa sociedade.
Equilibrando as bases,
Seja do campo ou cidade.
Para a classe rica ou pobre,
Não deixo que falte ou sobre
Sentimento de igualdade...
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Ensinava a vaidade
Respeitar o mais carente.
Dava inverno pro Nordeste
Sem estio e sem enchente.
Pra os Países Africanos
Bons invernos todos os anos,
Saciando aquela gente!
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Ajudava ao decadente
Fazia o surdo escutar.
Todos iam ter direito
A uma casa em frente ao mar.
Com um salário turbinado
Todo assalariado
Teria como pagar!
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De vez eu ia acabar
Com a guerra entre a raça humana
Desativava as bombas,
Em menos de uma semana.
Ver o planeta irmanado
Seria o maior legado
Sem essa invenção insana!
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Depois dividia a grana
Que é gasta em armamento...
Tudo em partes iguais,
Sem errar nem um por cento.
Quem não administrasse
E o dinheiro acabasse,
Dava a vida de um jumento!
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Comida e divertimento
Para qualquer cidadão
Que quisesse trabalhar
Sem tanta reclamação...
Enrolão e vagabundo,
Eu dava um chute no fundo
Depois dava emissão!
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Se eu fosse o pai adorado,
Acabava a violência.
Diminuía as doenças
Com o avanço da ciência.
E para os afobados
E aqueles mais estressados,
Dava muita paciência!
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Dava mais inteligência
Para qualquer geração.
Incentivava os Poetas
Com verba e divulgação...
Para o Cordel de verdade
Ser a nova realidade
Na cultura e educação...
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Acabava com o sermão
De tantos falsos profetas.
Que vivem usando a Bíblia
Para atingir suas metas...
E dava muitas bonança,
Aos puros feito criança
Com os reflexos dos poetas!
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Das minhas obras seletas
Uma que é certo, eu faria.
Que era arrumar os tortos
Ou mais tortos deixaria.
Usando de sanidade
Mandava-os pra eternidade
Todos em menos de um dia!
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Curava a hipocrisia
Dos que estão na elite.
Acabava com as bombas
Atômicas ou dinamite...
A minha prioridade
Era com a igualdade
De todos sem ter limite!
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Ao “pastores” acredite
Que põem fiel em roubada.
Aproveitava as “igrejas”
Mudando só a fachada.
Sem esse lixo inimigo
As transformava em abrigo
Pra criança “abandonada”!
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Gente dormindo em calçada
Se eu fosse um Deus de verdade.
Seria estagnado,
A fome e a crueldade...
Soco, pontapé e tapa...
Sumiam todos do mapa,
Adeus, bye, bye a maldade!
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Acabava a insanidade
Brecava a corrupção.
Libertava os inocentes
Que se encontram na prisão.
E os verdadeiros culpados,
Seriam todos julgados
Sem jorrar sangue no chão!
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Não deixava faltar pão,
Lazer, amor e carinho...
E repetia o milagre
De transformar água em vinho.
E mais uma vez repito
Que ia fazer bonito
Não seria um deus mesquinho!
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Eu abria esse caminho
Da transposição pendente
E rasgava o são Francisco
De uma vez com uma enchente.
Acabava essa secura
E começava a fartura
Na mesa da nossa gente!
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Não ia ter mais: não pode...
Pois todos iam poder
Ter as coisas que os ricos
Esbanjam-nos por não ter.
Nos dias do meu mandato,
Rico metido a gaiato
Iam aprender a viver!
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Se eu fosse Deus pode crer
Que eu trabalhava a favor.
Da criança e do idoso,
Do moçinho e do senhor.
Não ia ter eu prometo,
Era igual pra branco e preto
Sem preconceito de cor!
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Eu virava o estupor
Com o turismo sexual,
Trabalho escravo infantil
E com o êxodo rural.
E esse desmatamento,
Vira um reflorestamento
Evitando esse final!
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Um calendário ideal
A favor de Fevereiro.
Todos os meses teriam
Trinta dias o ano inteiro.
São nunca eu eliminava
E assim também acabava
O dia do caloteiro!
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Meu mandato verdadeiro
Ia ser bem diferente.
Tudo ia ser reciclado
Pra ser puro novamente.
O ruim seria ajustado,
O bom bem mais lapidado,
Lerdo, mais inteligente...!
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Virgulino e a sua gente...
Eu trazia pra o Sertão.
Não pra serem cangaceiros
Mais violência? Isso não...
Era pra serem educados
Para serem civilizados
Exemplos de: cidadão!
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Acabava a exaustão
E o preconceito cruel.
Botava um fim nos confrontos
De Gaza com Israel.
E sem fazer nem promessa
Cumpria o que me interessa,
Que é fazer mais um Cordel!
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