Justiça de Pernambuco havia proibido que policiais e bombeiros militares se reunissem para discutir greve. Categorias descartaram greve, mas vão manter operação padrão.
O presidente da Associação dos Cabos e Soldados de Pernambuco (ACS-PE),
Alberisson Carlos, e o vice da associação, Nadelson Leite, foram presos
em flagrante nesta sexta-feira (9) por descumprirem ordem judicial que proibia bombeiros e policiais militares de se reunirem para discutir greve.
A prisão aconteceu na Praça do Derby, na região central do Recife,
durante discurso do presidente em um trio elétrico no local.
Após se reunirem na Praça do Derby, policiais e bombeiros militares
seguiram caminhando em direção ao Palácio do Campo das Princesas, sede
do governo do estado. O ato diante do palácio foi encerrado por volta
das 20h. Durante discurso no trio elétrico, em frente a sede do governo,
os organizadores asseguraram que não há greve, mas que vão a decisão da
última assembleia: sem adesão aos Programas de Jornadas Extra (PJEs) e
manuntenção da operação padrão.
Segundo os organizadores, 12 mil pessoas participam do ato. A
assessoria de imprensa da PM não repassou o número de manifestantes.
Os dois foram detidos por policiais da Companhia Indepentende de
Operações Especiais (Cioe) e do Batalhão Especial em Policiamento
Interior (Bepi). [Veja vídeo acima] O Comando da
Polícia Militar informou, por meio de nota, que "estão sendo adotados os
procedimentos legais e se a Justiça determinar, [os dois] serão
encaminhados para o Creed [ Centro de Reeducação da PM]".
A assembleia dos policiais e bombeiros militares havia sido marcada na terça-feira (6). Eles anunciaram, na ocasião, que aguardariam até esta sexta uma posição do governo para a abertura da negociação salarial e também que entregariam os cargos de jornada extra, que são 7 mil vagas na PM.
A assembleia dos policiais e bombeiros militares havia sido marcada na terça-feira (6). Eles anunciaram, na ocasião, que aguardariam até esta sexta uma posição do governo para a abertura da negociação salarial e também que entregariam os cargos de jornada extra, que são 7 mil vagas na PM.
“O governo está sendo intransigente. Ele não está sendo maduro para
sentar na mesa de negociação com a gente. Está levando a coisa para o
lado pessoal”, apontou Alberisson Carlos, antes de ser preso.
Em nota, o Governo de Pernambuco afirmou que "nunca se negou a negociar
melhorias salariais para os policiais militares e os bombeiros
militares" e que "não aceitará o desrespeito à hierarquia e a quebra do
código disciplinar da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar".
[Confira a nota na íntegra ao fim desta matéria].
Com bandeiras do estado de Pernambuco, policiais e bombeiros se
concentraram na Praça do Derby vestem camisas com os dizeres “lutamos
por valorização profissional” antes de sair em caminhada. Um trio
elétrico foi estacionado no local e serviu de palco para os
representantes das associações comentarem os passos do movimento.
“Nós somos trabalhadores da segurança pública. O que nós queremos são
melhores aparelhamentos para trabalharmos e prestarmos um serviço melhor
para a sociedade. Estamos buscando, a cima de tudo, o que a sociedade
nos pede no dia a dia: que a gente dê melhor prestação de serviço”,
completou Alberisson.
De acordo com o documento expedido pelo desembargador José Fernandes
Lemos, o não cumprimento da decisão implica na multa de R$ 100 mil por
parte das associações representativas. A liminar do desembargador foi
expedida na noite da quarta-feira (7) e é direcionada a quatro
associações que representam a categoria.
De acordo com a Procuradoria Geral do estado, a decisão atende a um
pedido apresentado pelo próprio órgão. Para o desembargador, a
paralisação dos serviços, assim como a incitação à greve e à realização
de reuniões com essa finalidade configuram crimes militares.
Forças Armadas
O presidente Michel Temer autorizou o emprego das Forças Armadas "para a garantia da lei e da ordem na Região Metropolitana do município do Recife, Estado de Pernambuco, no período das 18h do dia 9 de dezembro de 2016 até o dia 19 de dezembro de 2016". A autorização foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (9).
O presidente Michel Temer autorizou o emprego das Forças Armadas "para a garantia da lei e da ordem na Região Metropolitana do município do Recife, Estado de Pernambuco, no período das 18h do dia 9 de dezembro de 2016 até o dia 19 de dezembro de 2016". A autorização foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (9).
Por telefone, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que as Forças Armadas só vão atuar caso seja necessário.
Nota oficial do Governo de Pernambuco:
"AO POVO DE PERNAMBUCO
"AO POVO DE PERNAMBUCO
O
Governo do Estado de Pernambuco nunca se negou a negociar melhorias
salariais para os policiais militares e os bombeiros militares. Em abril
de 2016, por ocasião do último acordo salarial, ficou definido que as
partes voltariam a conversar em abril de 2017.
Num
gesto de diálogo, no último dia 1o. de dezembro, os comandos da Polícia
Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco convocaram as
associações das duas instituições para uma nova conversa.
Ao
final, foi assinado um documento por todos presentes no qual ficou
definido que as associações apresentariam suas propostas, no dia 7 de
dezembro, para que os comandantes tratassem de melhorias salariais para
as categorias com o Governo do Estado.
Ficou
acordado também um cronograma, a partir de janeiro de 2017, quando
seriam realizadas reuniões periódicas entre os comandos militares das
duas corporações e o Núcleo de Gestão do Governo com o objetivo de
construir uma proposta a ser encaminhada à Assembleia Legislativa logo
no início do ano legislativo, no mês de fevereiro.
No
entanto, apenas duas horas após a assinatura desse documento, os
presidentes das associações descumpriram o compromisso formal e
divulgaram mensagens em áudio e vídeo, agredindo os comandantes das
corporações e convocando para uma assembleia no dia 6 de dezembro de
2016. Um movimento ilegal e extemporâneo com o objetivo de pressionar o
Governo.
Em
assembleia realizada na frente do Palácio do Campo das Princesas, no
dia 6 de dezembro, foi deliberado que os militares realizariam
“operação-padrão” e abandonariam o Programa de Jornada Extra de
Segurança (PJES), medida que desfalcou de forma irresponsável as
operações de rotina da Polícia Militar de Pernambuco, prejudicando a
população do nosso Estado.
Outra
deliberação foi a realização de nova assembleia às 14h, desta
sexta-feira, dia 9 de dezembro de 2016, difundindo no meio da tropa
palavras de ordem que claramente ferem a hierarquia e a disciplina
previstas nos regulamentos militares. Uma tentativa clara de levar a uma
deliberação da tropa que poria em risco a ordem pública e a segurança
de pernambucanas e pernambucanos.
Diante
desse quadro, o Governo do Estado decidiu tomar todas as providências
para assegurar a manutenção da ordem e da autoridade pública, a saber:
1
– Solicitação ao Presidente da República, Michel Temer, de autorização
para emprego das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança na
Garantia da Lei e da Ordem. Autorização já concedida pelo Presidente da
República. O Presidente também determinou ao Ministro da Defesa, Raul
Jungmann, o seu deslocamento a Pernambuco, ao lado do Estado Maior das
Forças Armadas, para dar um apoio necessário.
2
– Solicitação ao Poder Judiciário da proibição da realização de
assembleia destinada a deliberar sobre greve. A medida foi deferida em 7
de dezembro de 2016 pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, em decisão
proferida pelo Desembargador José Fernandes de Lemos: “se abstenham de
realizar reunião, assembleia ou qualquer evento que tenha por objetivo
reunir ou patrocinar a deflagração de greve de militares estaduais ou
qualquer outro movimento que comprometa a prestação do serviço de
segurança pública”.
3
– Desafiando o Poder Judiciário e atentando contra o Estado Democrático
de Direito e os regulamentos militares da Polícia Militar de
Pernambuco, foram presos em flagrante, na tarde desta sexta-feira,
integrantes das associações, pela prática de crime militar.
O
Governo de Pernambuco não aceitará o desrespeito à hierarquia e a
quebra do código disciplinar da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros
Militar.
Por
fim, o Governo vem tranquilizar a população de Pernambuco de que fará o
que estiver ao seu alcance para manter a segurança e a ordem públicas. O
Brasil passa por uma crise sem precedentes e agir para criar
intranquilidade à população do nosso Estado não honra a história dos
integrantes da Polícia Militar de Pernambuco e do Corpo de Bombeiros
Militar de Pernambuco.
Governo do Estado de Pernambuco"
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