Um grupo com cerca de 20 potiguares está preso em Portugal sem conseguir retornar para o Rio Grande do Norte por conta das medidas de prevenção ao novo coronavírus adotadas no país lusitano. A TAP anunciou nesta quarta-feira (18) que todos os voos entre Natal e Lisboa até o dia 28 de abril estão cancelados. A informação foi divulgada também pelo Governo do RN.
Na terça-feira (17), os países da União Europeia decidiram fechar as fronteiras por 30 dias.
Com essas decisões, potiguares que viajaram de férias a Portugal vivem dias de angústia, sem saber se vão conseguir retornar para casa. A cabeleireira Ingrid Silva teve a confirmação de que seu voo, que sairia nesta próxima quinta-feira (19) de Lisboa, foi cancelado.
Ingrid viajou com o marido e dois amigos em um cruzeiro do Navio Soberano que saiu no dia 3 de março de Recife com destino final a Portugal após duas paradas – a viagem começou antes da Organização Mundial de Saúde decretar pandemia do coronavírus, que ocorreu no dia 11.
Ela ainda seguiria para França, mas, diante da situação, tentou remarcar a volta mais imediata possível para o Brasil – que aconteceria nesta quinta. “Hoje fomos expulsos do aeroporto. Nos mandaram procurar a embaixada ou o consulado brasileiro, mas não conseguimos nada”, explicou ela ao G1. Houve inclusive um protesto dos brasileiro em frente à embaixada, segundo ela relatou.
Ingrid tem mais dois dias em um hostel e agora tenta conseguir mais um lugar para reservar por pelo menos 15 dias, como medida de precaução, caso não consiga retornar a Natal. “Eu aceitaria o voo para qualquer cidade do Brasil neste momento”, frisou. Com alguns hotéis fechando as portas, ela teme não conseguir lugar para ficar.
Em situação parecida à dela está a funcionária pública Cássia Salomé, que também estava no cruzeiro. Ela está em Porto e o seu voo, que sairia de Barcelona, também foi cancelado. Com hospedagem garantida apenas até a sexta-feira, ela está com medo que a situação possa piorar. “Estamos sós, não temos parentes na Europa ou em Portugal e não temos a quem recorrer”, falou.
Cássia falou que se chegar até São Paulo, onde tem parentes, também já será um alívio neste momento. Ela lamenta, no entanto, que a viagem tenha terminado dessa forma e espera retornar o mais breve possível para casa. “Nós estamos em um estado de aflição. A gente fez uma viagem, teve um gasto, uma expectativa, um sonho e ele foi cortado. E não por culpa de ninguém”, falou.
Ela conta que é muito difícil a falta de perspectiva de retornar. “Eu estou muito sensível. O medo, a angústia e a pressão existem. Nós somos mães de família, temos filhos que dependem de nós em Natal e eu tenho meu trabalho. Tenho que voltar para as minhas atribuições”.
Cássia viajou ao lado da amiga Cláudia Araújo, que conta que outros brasileiros chegaram a pagar até 7 mil reais para tentar antecipar a viagem. “E eles também não conseguiram embarcar porque o voo também foi cancelado”, falou.
Isso, segundo ela, gera uma indecisão. “Não sabemos se a passagem que temos vai resolver a situação e nos levar pro Brasil ou se compramos outra passagem. E se comprarmos outra passagem, também não sabemos se vamos conseguir voar”, contou.
Portugal decretou estado de emergência nesta quarta-feira (18), o que vai deixar as restrições ainda maiores no país. “Essa indecisão causa muita angústia na gente, porque não sabemos o amanhã. Então estamos preocupados, porque o dinheiro vai acabar e a gente tem que ir embora pra casa”, reforçou Claudia.
Cruzeiro
A situação crítica já havia iniciado durante o cruzeiro do Navio Soberano. Ele foi proibido de atracar no porto de Mindelo, em Cabo Verde, e depois também não conseguiu desembarcar em Lisboa, a cidade final prevista no roteiro.
“Ficamos apavorados naquele momento porque ficamos sem saber se iríamos ficar de quarentena no navio”, explicou Cláudia Araújo.
O navio, que levava cerca de 3 mil pessoas, precisou desembarcar em Cádis, na Espanha, um dia depois. Depois de um processo na imigração que durou mais de 3 horas, segundo os brasileiros relataram, eles foram levados para Lisboa de ônibus. *G1 RN
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