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quinta-feira, 18 de março de 2010

Desabafo de Um Policial


É interessante, chutar cachorro morto é fácil, o trabalho da PM é um dos mais árduos e sem reconhecimento dos que conheço. Perdemos Carnaval, Natal, Ano Novo, Semana Santa, finais de semana, tudo para garantir a segurança de pessoas que quase nunca vêem este profissional como um ser humano. Se estas datas foram tranqüilas, ninguém se lembra que este mesmo homem abriu mão de estar com seus familiares e amigos para dedicar-se exclusivamente a zelar pela integridade física e segurança de pessoas que na maioria das vezes lhe são desconhecidas, ninguém se importa se eles tem família ou se seus filhos sentem sua falta; talvez por isso sejamos tão unidos; se no decorrer do serviço trocamos tiros com bandidos e conseguimos prende-los, não estamos fazemos mais do que nossa obrigação e por isso permanecemos anônimo. Ninguém quer saber se o policial está ferido ou abalado Psicologicamente devido às ocorrências ou a escalas desumanas de serviço que chegam a ser de 24hs ininterruptas. Contudo, se qualquer pessoa nos denuncia, independentemente de quem seja, ou de seus antecedentes criminais, temos nossos nomes divulgados e somos suspeitos de tudo de ruim que acontece ou que já aconteceu. Alguém se lembra que estes mesmos policiais já fizeram às vezes de socorristas, conduzindo pessoas que se encontravam enfermas à hospitais, ou que por diversas vezes fizeram as vezes de psicólogos ou psiquiatras tentando conter os ânimos ou ataques de pessoas com problemas mentais, sem falar nos que fizeram as vezes de parteiros, muitas vezes sem nenhum preparo ou local adequado para tal, somente visando garantir o direito a vida de pessoas, sem preocupar-se com o risco de determinada situação. Agora me digam quantos destes profissionais já fizeram as vezes de policial?

Nossa sociedade é injusta, morreram nossos companheiros, Soldados J. Fernandes e Júlio César, o primeiro durante uma abordagem policial, no loteamento D. Pedro I, onde existe alto índice de tráfico e consumo de drogas. E o segundo durante uma emboscada, próximo a sua residência, e já noticiam que os dois estavam sendo investigados por atos ilícitos. E se o segundo foi morto por algum meliante, que tenha sido preso por este policial há alguns anos atrás, e que agora em liberdade, este veio a vingar-se daquele que interrompeu momentaneamente sua carreira de crimes. Alguém ainda se lembra do nome do algoz do Sd J. Fernandes? O que sua esposa vai responder quando seus filhos perguntarem pelo pai? E quanto ao assassino? (o Cidadão Jackson) Tem direito a escolta policial, proteção dos órgãos ligados aos direitos humanos, e se brincar, vai se transformar na vítima do delito que perpetrou contra um pai de família, sendo que o soldado J. Fernandes é que está sendo classificado como bandido, e o que é pior, sem qualquer possibilidade de defesa, haja vista que faleceu no cumprimento do dever.

Pois bem, lamentavelmente, daqui algum tempo o cidadão Jackson, vítima da “violência Policial”, estará na rua novamente, traficando, tirando a vida de mais policiais, viciando e corrompendo os jovens que deveriam estar estudando, que deveriam ser o futuro da nossa nação já tão sofrida, que de tanto ver prosperar a injustiça, perdem a esperança em um futuro melhor. De mais a mais, enquanto isto vamos fazendo a nossa parte, trabalhando diuturnamente, para que a sociedade possa se sentir segura, e que um dia reconheça o valor desses grandes homens, que ostentam com orgulho a farda que vestem.

Renato Henrique de Freitas
Soldado da PM/RN
Fonte Cabo Heronides

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