Fazendeiro e político, Mardônio Diógenes foi assassinado em sua propriedade rural. O filho presenciou a execução
Mais um crime de pistolagem abala a Região do Vale do Jaguaribe. Com sete tiros de revólver de calibre 3.57, o ex-prefeito do Município de Pereiro (distante 330Km de Fortaleza), Antônio Mardônio Diógenes Osório, 66, foi executado por dois homens na manhã da última quinta-feira (31). O assassinato ocorreu na Fazenda Campos, distante cerca de 10 quilômetros da sede do Município. A propriedade rural pertencia à vítima.
Segundo apurou a Polícia, por volta de 7h30, Mardônio Diógenes se encontrava na beira de uma estrada de terra conversando com um grupo de empregados seus, que refaziam uma cerca. Logo em seguida, o ex-prefeito embarcou em sua caminhonete Hilux verde, placas JZW-9585, inscrição de São Miguel (RN). Na direção do veículo estava um filho do fazendeiro e político.
De repente, chegaram ao local dois homens em uma moto modelo Titan, de cor preta. O desconhecido que estava na garupa da moto ainda perguntou ao fazendeiro se ele era Mardônio Diógenes, ao responder que sim, a vítima foi executada. Ao tomar conhecimento do fato, o superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas, imediatamente acionou a Delegacia Regional de Jaguaribe.
O delegado-regional, Edmar Beserra Granja, seguiu para Pereiro junto com os policiais. As investigações foram imediatamente iniciadas. O corpo do ex-prefeito foi levado para o Hospital Municipal de Pereiro e, em seguida, removido para o IML da cidade de Iguatu. A Perícia fez levantamento no local do assassinato e recolheu cápuslas das balas disparadas pelos dois criminosos.
Investiga
Segundo o delegado Granja, depois de cometer o crime, os pistoleiros fugiram pela rodovia estadual CE-138, e teriam seguido em direção ao Município de São Miguel, no Rio Grande do Norte. Um detalhe chamou a atenção da Polícia. Os criminosos não usavam capacetes nem qualquer outro tipo de proteção que escondesse seus rostos. "Acreditamos que sejam pessoas de fora, de outro lugar. Por isso, não se preocuparam em esconder o rosto, pois ninguém ali iria saber quem eram eles", disse Granja ao Diário do Nordeste ainda na manhã do dia 31.
Em Fortaleza, o delegado Luiz Carlos Dantas informou que o trabalho de investigação já estava bem adiantado.
Mortes
O assassinato de Mardônio Diógenes dá seguimento a uma série de crimes de morte iniciada há mais 30 anos, envolvendo duas famílias da Região do Jaguaribe, os Diógenes e os Nunes de Brito. Muito embora considere que seja cedo para falar sobre a autoria da morte do ex-prefeito, a Polícia Civil não despreza esta linha de investigação.
Mardônio teve seu irmão, o também fazendeiro Francisco Telsângenes Diógenes, o ´Chiquinho´ Diógenes, morto em 9 de abril de 1982.
A morte de ´Chiquinho´ foi atribuída, na época, à disputa com a família Nunes de Brito. ´Chiquinho´ teria sido eliminado cinco anos depois da execução do fazendeiro Raul Nunes de Brito, em dezembro de 1977.
O ´rosário´ de crimes continuou nos anos seguintes. Após a morte de ´Chiquinho´ Diógenes ocorreu uma chacina na BR-116, em Alto Santo (a 294KM de Fortaleza), quando foram fuzilados - no dia 16 de abril de 1982 - o ex-prefeito de Pereiro, João Terceiro de Sousa, a mulher dele, Raimunda Nilda; o soldado PM João Odeon e o motorista Francisco Maurício de Souza. Os quatro foram crivados de bala.
A chacina, segundo a Polícia, seria uma retaliação dos Diógenes à morte de ´Chiquinho´. O pistoleiro Idelfonso Maia Cunha,o ´Mainha´, preso pela Polícia em agosto de 1988, confessou as execuções.
Dando sequência ao ´rosário´ de crimes, o despachante comercial Iran Nunes de Brito (filho de Raul Nunes de Brito), também foi executado, na noite de 17 de junho de 1983. Mardônio Diógenes foi apontado como mandante da pistolagem, mas acabou impronunciado.
VINGANÇA
Político foi acusado de mandar matar despachante
Em junho de 1983, Mardônio Diógenes foi centro de uma investigação policial que apurou o assassinato - crime de pistolagem - do despachante comercial Iran Nunes de Brito, fuzilado no cruzamento das avenidas Santos Dumont e Desembargador Moreira. Antes, o pai de Iran, Raul Nunes de Brito, também foi eliminado a mando dos Diógenes, conforme apurou a Polícia, na época.
A morte de Iran seria mais uma vingança pelo assassinato de ´Chiquinho´ Diógenes, irmão de Mardônio. O fazendeiro foi indiciado como mandante do crime depois que a Polícia identificou e prendeu os pistoleiros, José Valberto da Silveira, o ´Vavá´; Zilcar Holanda Neto e Cícero Ivamar Queiroz Diógenes Dunga. Posterior, Idelfonso Maia Cunha, o ´Mainha´, também foi capturado.
Na época, o então prefeito de Pereiro teve prisão preventiva decretada pela Justiça, mas fugiu e só reapareceu em público quando a prisão foi revogada. mesmo assim, ele não perdeu o cargo e se manteve à frente da política daquela região.
Em maio de 1985, Mardônio Diógenes acabou sendo impronunciado pela morte de Iran Nunes de Brito, isto é, ficou de fora do processo, permanecendo somente quatro dos seis réus que haviam sido denunciados pelo Ministério Público (MP).
Em julho de 1983, a residência de Mardônio, na Fazenda Campos, foi invadida por policiais civis do Rio Grande do Norte, que estavam em buscas de pistas para indiciá-lo por crimes de pistolagem ocorridos também naquele Estado.
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