SÃO PAULO (Reuters) - Dilma Rousseff (PT) surpreendeu no domingo ao partir para o ataque contra José Serra (PSDB) no primeiro debate da campanha presidencial do segundo turno.
Mas enquanto o tucano procurou fustigar a adversária em temas de interesse geral, como saúde, segurança e educação, a petista insistiu na discussão das privatizações e no que chamou de campanha caluniosa patrocinada pelo tucano.
"Estou surpreso com essa agressividade e esse treinamento da Dilma Rousseff," fez questão de ressaltar o tucano, já no final do debate promovido pela Rede Bandeirantes, aproveitando para alfinetar a adversária: "Está se mostrando como é na realidade."
Dilma, por sua vez, aproveitou uma frase de Serra no debate -quando disse que "ouviu dizer", na ocasião da negociação da venda da Nossa Caixa, banco estatal paulista, ao Banco do Brasil, que ela seria contra a operação- para exemplificar suas reclamações contra a campanha do adversário.
"Ou se tem prova ou não se acusa as pessoas. É por essa prática de ouvir dizer que o candidato Serra é réu num processo de calunia e difamação. O que não é possível é ficar assacando contra as pessoas, porque aí vão ser vários processos", disparou.
Serra provocou ao questionar porque a candidata do PT é contra a criação do Ministério da Segurança Pública, proposto por ele, e ao apontar para a difícil situação econômica das Santas Casas e para a demora na aprovação de novos medicamentos genéricos, uma das suas principais marcas como ministro da Saúde. E prometeu investir pesado nos ensinos fundamental, técnico e profissionalizante.
Já Dilma atacou o viés privatista do PSDB de Serra e a ideia que teria sido apresentada por um assessor, David Zylbersztajn, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no governo FHC, de privatizar o pré-sal.
"A questão de privatização volta sempre na época de eleição", disse o tucano. "Não vou fazer privatização nenhuma do pré-sal. Eu tenho cabeça própria e tenho as minhas ideias."
E usou uma metáfora para resumir sua ideia. "Qual seria o Brasil do PT? O Brasil do PT seria o Brasil do orelhão." Mas levou o troco da petista. "O meu Brasil não é o Brasil do orelhão, é o Brasil da banda larga, mas é a banda larga para todos."
Dilma também aproveitou uma deixa quando foi questionada sobre os problemas e falta de investimentos em infraestrutura, como portos e aeroportos. Ao justificar o porquê dos aeroportos estarem lotados, Dilma argumentou que "o povo está viajando de avião", o que, segundo ela, só os ricos faziam no tempo do governo FHC, do qual foi ministro Serra.
A tática mais agressiva usada por Dilma repete, com papéis trocados o que ocorreu há quatro anos. Em 2006, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, partiu para o ataque contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Muitos analistas consideraram que ele exagerou no tom, o que acabou se voltando contra ele.
A diferença é que Alckmin estava atrás de Lula e Dilma, segundo pesquisa do Datafolha divulgada no sábado, ela tem 48 por cento das intenções de voto contra 41 por cento de Serra.
CORRUPÇÃO E ABORTO
O escândalo que derrubou Erenice Guerra, ex-auxiliar de Dilma, da chefia da Casa Civil foi mencionado no debate assim como o polêmico tema do aborto, que teria custado votos de Dilma junto ao eleitorado religioso.
Serra acusou as mudanças de posição da candidata sobre o assunto, enquanto ela procurou devolver dizendo que, quando ministro da Saúde, ele definiu uma normatização sobre o atendimento nos casos previstos na lei, ressaltando que concordava com a ação dele.
Dilma chegou a mencionar ainda o que a esposa do candidato tucano, Monica Serra, teria dito durante a campanha, de que a petista seria a favor de matar criancinhas.
Serra também aproveitou para lembrar que enquanto ele tem o apoio de dois ex-presidentes respeitados pela população -Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco-ela é apoiada por Fernando Collor de Mello e José Sarney.
No final, os dois candidatos pediram votos aos telespectadores, com Dilma dizendo que será uma "presidenta com olhar social" e Serra repetindo o que fez no último debate do primeiro turno, um apelo para que seus eleitores consigam mais um voto.
Num debate que não lembrou em nada o modorrento embate final da primeira fase da campanha, tanto Dilma como Serra evitaram muitas vezes responder as perguntas feitas pelo adversário. Ou, para usar o mesmo verbo repetido inúmeras vezes pela petista durante o debate: tergiversaram.
(Por Alexandre Caverni)
Mas enquanto o tucano procurou fustigar a adversária em temas de interesse geral, como saúde, segurança e educação, a petista insistiu na discussão das privatizações e no que chamou de campanha caluniosa patrocinada pelo tucano.
"Estou surpreso com essa agressividade e esse treinamento da Dilma Rousseff," fez questão de ressaltar o tucano, já no final do debate promovido pela Rede Bandeirantes, aproveitando para alfinetar a adversária: "Está se mostrando como é na realidade."
Dilma, por sua vez, aproveitou uma frase de Serra no debate -quando disse que "ouviu dizer", na ocasião da negociação da venda da Nossa Caixa, banco estatal paulista, ao Banco do Brasil, que ela seria contra a operação- para exemplificar suas reclamações contra a campanha do adversário.
"Ou se tem prova ou não se acusa as pessoas. É por essa prática de ouvir dizer que o candidato Serra é réu num processo de calunia e difamação. O que não é possível é ficar assacando contra as pessoas, porque aí vão ser vários processos", disparou.
Serra provocou ao questionar porque a candidata do PT é contra a criação do Ministério da Segurança Pública, proposto por ele, e ao apontar para a difícil situação econômica das Santas Casas e para a demora na aprovação de novos medicamentos genéricos, uma das suas principais marcas como ministro da Saúde. E prometeu investir pesado nos ensinos fundamental, técnico e profissionalizante.
Já Dilma atacou o viés privatista do PSDB de Serra e a ideia que teria sido apresentada por um assessor, David Zylbersztajn, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no governo FHC, de privatizar o pré-sal.
"A questão de privatização volta sempre na época de eleição", disse o tucano. "Não vou fazer privatização nenhuma do pré-sal. Eu tenho cabeça própria e tenho as minhas ideias."
E usou uma metáfora para resumir sua ideia. "Qual seria o Brasil do PT? O Brasil do PT seria o Brasil do orelhão." Mas levou o troco da petista. "O meu Brasil não é o Brasil do orelhão, é o Brasil da banda larga, mas é a banda larga para todos."
Dilma também aproveitou uma deixa quando foi questionada sobre os problemas e falta de investimentos em infraestrutura, como portos e aeroportos. Ao justificar o porquê dos aeroportos estarem lotados, Dilma argumentou que "o povo está viajando de avião", o que, segundo ela, só os ricos faziam no tempo do governo FHC, do qual foi ministro Serra.
A tática mais agressiva usada por Dilma repete, com papéis trocados o que ocorreu há quatro anos. Em 2006, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, partiu para o ataque contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Muitos analistas consideraram que ele exagerou no tom, o que acabou se voltando contra ele.
A diferença é que Alckmin estava atrás de Lula e Dilma, segundo pesquisa do Datafolha divulgada no sábado, ela tem 48 por cento das intenções de voto contra 41 por cento de Serra.
CORRUPÇÃO E ABORTO
O escândalo que derrubou Erenice Guerra, ex-auxiliar de Dilma, da chefia da Casa Civil foi mencionado no debate assim como o polêmico tema do aborto, que teria custado votos de Dilma junto ao eleitorado religioso.
Serra acusou as mudanças de posição da candidata sobre o assunto, enquanto ela procurou devolver dizendo que, quando ministro da Saúde, ele definiu uma normatização sobre o atendimento nos casos previstos na lei, ressaltando que concordava com a ação dele.
Dilma chegou a mencionar ainda o que a esposa do candidato tucano, Monica Serra, teria dito durante a campanha, de que a petista seria a favor de matar criancinhas.
Serra também aproveitou para lembrar que enquanto ele tem o apoio de dois ex-presidentes respeitados pela população -Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco-ela é apoiada por Fernando Collor de Mello e José Sarney.
No final, os dois candidatos pediram votos aos telespectadores, com Dilma dizendo que será uma "presidenta com olhar social" e Serra repetindo o que fez no último debate do primeiro turno, um apelo para que seus eleitores consigam mais um voto.
Num debate que não lembrou em nada o modorrento embate final da primeira fase da campanha, tanto Dilma como Serra evitaram muitas vezes responder as perguntas feitas pelo adversário. Ou, para usar o mesmo verbo repetido inúmeras vezes pela petista durante o debate: tergiversaram.
(Por Alexandre Caverni)
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