Morte de cinegrafista é desafio para polícia.
Foto montagem Bruno Soares-Jornal Gazeta do Oeste |
Por Sayonara Amorim da Redação-Jornal Gazeta do Oeste.
Uma morte ainda misteriosa para a polícia e um crime que chocou a população, em particular a imprensa do Rio Grande do Norte. O cinegrafista José Lacerda da Silva, 50 anos, ou simplesmente "Lacerda", morreu ao dar entrada no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) na noite de domingo, 16, após ser baleado no bairro Belo Horizonte.As primeiras informações da polícia estão sendo embasadas em depoimentos da família e de pessoas que estiveram com o cinegrafista no dia do crime. Lacerda foi ferido com um tiro que transfixou do braço para o tórax. A primeira versão sobre o caso foi de um suposto latrocínio, (roubo seguido de morte), porém, a Polícia Civil de Mossoró não descarta outras linhas de investigação.O inquérito policial para apurar a morte do cinegrafista José Lacerda está sendo conduzido por dois delegados, o titular da Delegacia Especializada em Furtos e Roubos (DEFUR), Luís Fernando Sávio e Claiton Pinho, que responde pela Delegacia de Homicídios de Mossoró (DEHOM).Segundo Claiton Pinho, a investigação continuará sendo acompanhada pelas duas delegacias porque inicialmente nenhuma possibilidade de motivação para o crime será descartada. "Vamos aguardar os resultados dos exames feitos pela polícia técnica e ainda vamos ouvir pessoas ligadas à vítima para que possamos chegar a uma conclusão", adiantou Claiton.O titular da Dehom acrescentou que num prazo máximo de dez dias a polícia já terá a conclusão do inquérito policial. Claiton Pinho acrescentou também que até agora somente a esposa da vítima foi ouvida pela polícia. Quanto à identificação de algum suspeito, o delegado ressaltou que inda é muito precoce divulgar nomes.
O FATO
Passavam das 19h de domingo, 16, quando Lacerda chegou ao Hospital Regional Tarcísio Maia, já sem vida. De acordo com relato de amigos da vítima, o cinegrafista passou o domingo se divertido em companhia de colegas de trabalho. "Das 12h às 16h, eu estive com Lacerda bebendo na casa dele e ele estava muito feliz porque tinha entrado de férias e se preparava para viajar para sua cidade (Luís Gomes), onde ia rever parentes e familiares. Depois eu fui embora e ele ficou em casa e quando soube já foi a notícia que tinham matado ele". O relato é do profissional de manutenção da TCM e colega de trabalho de Lacerda, Rosemberg Barbosa.De acordo com registro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), uma ambulância foi acionada para socorrer uma vítima de tiro que estava caída em frente a um supermercado, na Avenida Alberto Maranhão, bairro Belo Horizonte. Sem identificação, a vítima foi encontrada respirando com dificuldade, com ferimento à bala e sangramentos no rosto, braço e tórax. A vítima não resistiu à gravidade dos ferimentos e morreu a caminho do hospital. Somente quando já havia sido registrado o óbito é que foram feitos o reconhecimento e a identificação que se tratava do cinegrafista José Lacerda, mais uma vítima da violência em Mossoró.A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) emitiu nota cobrando providências das autoridades na investigação da morte do cinegrafista. Leia nota na íntegra abaixo.
Lacerda registrava a violência diariamente
José Lacerda da Silva, o cinegrafista Lacerda, vivia o cotidiano da violência em Mossoró. Era o cinegrafista oficial do período vespertino do programa Ronda Policial, da TV Cabo Mossoró (TCM). Registro de cadáveres, tentativas de homicídio, prisões, apreensões de drogas e armas e prisões de suspeitos de crimes era rotina diária do mais antigo repórter-cinematográfico da emissora.Para os colegas de trabalho, a morte de forma inesperada e brutal é algo difícil de aceitar. "Ele tinha um jeitão de "bicho do mato", mas era um grande profissional e um colega de trabalho que vai deixar muita falta. Trabalhávamos todos os dias e formávamos uma boa parceria. A última matéria que fizemos juntos foi na sexta-feira, 14, quando um corpo foi encontrado no conjunto Nova Vida e ele disse: "vou ficar de férias, mas fechamos com chave de ouro", se referindo a uma matéria "quente" de polícia". Sinceramente ainda não consigo acreditar". O depoimento é do repórter Eriberto Rêgo, do programa Ronda Policial da TCM.Lacerda era visto pelos amigos e companheiros de profissão como um profissional determinado que buscava sempre fazer o melhor, independente da dificuldade que lhe fosse imposta. "Ele era um homem bom, um profissional que não tinha hora para trabalhar, a hora que procurasse por ele estava sempre à disposição. Éramos muito amigos". O relato é do motorista Erinaldo José da Silva.A simplicidade e a determinação eram qualidades marcantes e ressaltadas por todos os colegas de José Lacerda. "Lacerda era muito amigo e um excelente profissional, era muito companheiro e apesar de trabalhar diariamente na área policial, gostava muito de futebol e fazia questão de cobrir eventos esportivos, e como eu já sabia disso, quando eu estava pautado para algum jogo deixava que ele fosse em meu lugar. Ainda não consigo acreditar no que aconteceu", ressaltou o também cinegrafista da TCM, Mário Sérgio Fogaça.O diretor-presidente da TV Cabo Mossoró (TCM), Milton Marques, demonstrando muita emoção disse estar diante da perda de um grande profissional. "Lacerda era um homem de relacionamento fácil e como profissional estava sempre buscando se aperfeiçoar e fazer o seu trabalho cada vez melhor. Era o mais antigo e experiente cinegrafista da TCM, estava conosco há 11 anos, e estamos todos muito consternados com esta perda", concluiu Milton Marques.
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