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sábado, 19 de julho de 2014

Policial Civil faz desabafo em rede social e denuncia condições de trabalho

Policial Civil faz desabafo em rede social e denuncia condições de trabalho

Fonte: Glaucia Paiva
Após divulgação em um jornal local de uma declaração do Secretário de Segurança Pública do Estado, General Girão Monteiro Filho, que teria recomendado aos policiais civis que estiverem insatisfeitos procurarem outra profissão, um agente de Polícia Civil teria reagido à declaração e emitido um desabafo na rede social.
Em seu desabafo, o policial civil denuncia a falta de estrutura pela qual passa a Instituição Policial do RN, com a falta de armamento, coletes e até algemas. Na sua explanação, ainda, o agente solicita que o Secretário seja justo e haja com dignidade assumindo a omissão do Estado.
Quanto à declaração do Secretário sobre a insatisfação dos PC’s, o agente afirma ter sido infeliz a declaração e que o Secretário não teria o conhecimento real da situação da Polícia Civil do Estado. Ao final, o policial convida a todos, sociedade e autoridades da Segurança Pública do Estado, a visitarem as delegacias para “in loco” apreciarem a situação das Unidades Policiais do Estado.
Confira na íntegra a declaração veiculada pelo Policial Civil.
Sou policial civil há 14 anos. Nunca faltei um dia de trabalho. Nunca fui punido. Entretanto, até hoje, espero receber do Estado arma, colete à prova de balas e algemas, condição primária para desenvolver a atividade de polícia judiciária, como preconiza a Lei Complementar nº 270/04, em seu art. 89. Igualmente, devemos ter dezenas de colegas que se encontram na mesma situação, trabalhando com equipamentos particulares, adquiridos com recursos próprios.
Gostaria de saber do senhor, General Eliézer Girão Monteiro Filho, se a equipe que faz a sua segurança pessoal usa armas inadequadas, munições vencidas, coletes vencidos e, ainda, se o senhor usa seu veículo particular para trabalhar, abastece as viaturas que o acompanham por onde anda com o próprio dinheiro, se paga suas despesas a serviço do Estado com dinheiro próprio, etc. Assim sendo, como pode exigir que desenvolvamos profissão de risco sem as condições básicas de segurança, amparados apenas pelo juramento quando na admissão na carreira. Como pode um médico operar sem bisturi (com uma faca)? É essa a qualidade do serviço que o senhor quer oferecer a nossa sociedade que clama por segurança? Seja justo, haja com dignidade e assuma a omissão do Estado que o senhor o representa enquanto Secretário. Denuncie a omissão desse Governo desastroso que o senhor faz parte. Assuma que os policiais civis do nosso Estado são verdadeiros heróis e não os trate como delinquentes, pois não somos.
Gostaria de informar a sociedade da existência do parecer da Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial, no Inquérito Civil 09/2012, fls 05: “neste contexto de elevada deficiência de pessoal, a solução encontrada para manter em funcionamento as Polícias Militar e Civil foi a convocação dos policiais para o trabalho extraordinário, com sacrifício das folgas, mediante o pagamento de diárias em valor mórdico, numa indisfarçável exploração da mão de obra policial” procedimento presidido pelo  Promotor Wendell Betoven Ribeiro Agra.
Gostaria ainda de solicitar a Comissão de Direitos Humanos da OAB que visitem delegacias e acompanhem a forma desumana de trabalho imposta pelo Estado aos policiais civis.
Gostaria também de informar aos Delegados de Polícia que não apoiam nossas reivindicações que nós não somos inimigos, mas, sim, parceiros, irmãos, prontos para protegermos uns aos outros nas incursões policiais, aos quais reitero o pedido feito acima ao senhor Secretário de Segurança: que sejam justos e dignos da função que ocupam, denunciando a condição desumana de trabalho que nos é imposta.
E, por último, que não sou sindicalista, nem tenho vontade de ser, nem estou me reportando como representante de classe, apenas fazendo um desabafo pessoal como resposta às declarações infelizes do gestor da SESED, acredito eu que por falta de conhecimento da real situação da Polícia Civil do nosso Estado. Aproveitando a oportunidade, convido ainda a população e os órgãos competentes a visitarem as delegacias para, in loco, apreciarem a situação das Unidades policiais do Estado.

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