Por Robson Pires
Agulhas
não são novidade na vida de quem é diabético. Injeção de insulina,
verificação de glicemia, é uma rotina que envolve perfurações. Mas
imagine se elas pudessem ser substituídas por xícaras de café? É
exatamente nisso que cientistas suíços estão trabalhando: eles criaram
um implante celular que libera medicação para diabéticos quando detecta
cafeína no sangue.
Para que essa façanha fosse possível, pesquisadores suíços usaram
biologia sintética: eles modificaram células humanas, tornando-as
capazes de produzir uma substância usada como medicamento para diabetes,
a GLP-1. Ela estimula a produção e secreção de insulina (hormônio que
“tira” a glicose do sangue e “coloca” dentro das células) pelo pâncreas,
além de inibir o glucagon (hormônio com função contrária à da insulina)
quando está numa situação de hiperglicemia.
O implante é composto de milhares de cápsulas semelhantes a gel, cada
um contendo centenas de células modificadas. Essas células possuem em
seus genes um comando que detecta moléculas de cafeína presentes no
sangue. Quando isso ocorre, elas reagem fabricando o GLP-1.
Se isso se tornar viável, vai revolucionar a vida de milhares de
pessoas. No Brasil, por exemplo, bastaria manter o costume de tomar café
depois das refeições para ter a diabetes controlada. E as pesquisas são
animadoras: testes em ratos mostraram que o implante sob a pele pode
ser estimulado pela cafeína presente em café, chá ou bebidas
energéticas. Ou seja, até um coadinho feito em casa tá valendo. E o
melhor: se for necessário aumentar a dose de medicamentos, basta
simplesmente tomar um café mais forte (com mais cafeína).
Para testar as quantidades de cafeína que as células detectavam, os
cientistas usaram diferentes tipos de café, chás de ervas e até
milkshakes. Esses dois últimos, como esperado, não tiveram efeito algum,
mas todo o resto testado (até um shot do Starbucks) fizeram as células
implantadas produzir GLP-1. Claro, em quantidades variadas, de acordo
com o teor de cafeína de cada bebida.
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