Resposta é de Wendell Beetoven, uma das vítimas do atentado.
Em carta, servidor que atirou em chefes do MP se diz 'muito arrependido'.
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"Um sujeito que age dissimuladamente, que atira pelas costas, que não
tem coragem de enfrentar outro homem cara-a-cara, não merece sequer
respeito. É um ser desprezível, sem honra", acrescentou Beetoven, que
durante muitos anos atuou na Promotoria de Investigação Criminal e
Controle Externo da Atividade Policial, e atualmente é lotado na sede da
Procuradoria-Geral de Justiça, onde atua como coordenador jurídico.- Atirador do MPRN diz que comprou arma no 'mercado negro'; leia carta
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O G1 também tentou falar com Rinaldo Reis e Jovino Pereira Sobrinho, mas não conseguiu contato.
Bala alojada
Beetoven foi baleado nas costas, teve um pulmão perfurado, duas costelas quebradas e está com o projétil alojado no peito. Também na manhã desta sexta, ele falou sobre sua recuperação. “Sigo internado, com o dreno no pulmão e tomando sedativos. As duas costelas quebradas doem muito e, segundo os médicos, tem que esperar, pois não dá para emendar. O dano no pulmão direito é irreversível, o que dificulta a respiração. A bala continua alojada, pois os médicos consideram que é mais arriscado mexer agora”, explicou.
Pedido de desculpas
Na carta, escrita a punho de dentro de uma das celas do CDP da Ribeira, em Natal, onde está custodiado desde que se apresentou à polícia, Guilherme Wanderley detalha como tentou realizar o triplo homicídio, diz que está "muito arrependido" e pede desculpas. A carta, com data desta quinta (30), foi publicada na manhã desta sexta (31) no jornal Tribuna do Norte.
“É um farsante e mentiroso. A carta é uma estratégia de defesa. Ele planejou o crime por anos, nos mínimos detalhes. Sabia exatamente o que fazia e esperou o momento mais propício, em que eu, Rinaldo e Jovino estivéssemos no mesmo local”, disse Wendell sobre o conteúdo da carta.
Sobre o atentado, Beetoven disse se recordar com detalhes do ocorrido. "Lembro sim. Estávamos na sala do PGJ, numa reunião, quando ele entrou dizendo que tinha um documento urgente do Corregedor-Geral, Dr. Anísio Marinho, que é chefe dele. Por isso ninguém desconfiou de nada. Lá dentro ele entregou os documentos a Rinaldo, que perguntou do que se tratava".
“Rinaldo, Jovino e os outros promotores correram pela porta secundária, que dá para a sala do chefe de gabinete. Nesse momento ele atirou de novo na direção de Rinaldo, mas o tiro pegou na porta. Depois ouvi outros tiros, mas fiquei caído na sala do PGJ até a chegada do socorro”, acrescentou o promotor. Beetoven, que durante muitos anos atuou na Promotoria de Investigação Criminal e Combate ao Controle Externo da Atividade Policial, atualmente é lotado na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, onde atua como coordenador jurídico.
Guilherme Wanderley, de 44 anos, trabalhava no MP há 20 anos. Por volta das 11h da sexta-feira (24), ele invadiu uma reunião onde estava o procurador-geral de Justiça do RN, Rinaldo Reis. Ele chegou a atirar contra Rinaldo, mas errou. No entanto, conseguiu acertar o promotor público Wendell Beetoven nas costas e dois tiros no procurador-geral adjunto, Jovino Sobrinho. Ele estava sendo procurado pela polícia e se apresentou no final da manhã do sábado (25). Depois disso, ficou preso por força de um mandado de prisão preventiva e foi levado para o Centro de Detenção Provisória da Ribeira.
No dia do crime, o servidor também fez uso de uma carta. Ela a deixou sobre a mesa da sala da reunião. O tom das duas cartas é diferente. Sobre o motivo para matar os três, o funcionário do MP criou um tópico específico no qual escreveu: “Ora, o motivo é intuitivo: legítima defesa sui generis própria e alheia. Alguém precisava fazer algo efetivo e dar uma resposta a esse genuíno crime organizado. Resposta do tipo: 'para algumas ações, haverá sim reação'. Ou: 'quem planta... colhe'. A verdade não pode ser calada, nós estamos numa guerra que, infelizmente, é imperceptível por muitos dada a gigantesca cegueira do nosso povo ignorante, desorganizado e, por isso mesmo, culpados. A caneta tem o poder de ferir e matar. Meu lema há muito tempo é: trate os outros como gostaria de ser tratado e procurando dar a cada um o que é seu. Tão fácil de seguir, mas, infelizmente, tão desprezado".
O servidor, que fugiu após o crime, relata, no final da carta, que não ofereceu risco para os policiais e nem para os seguranças do Ministério Público. “Não correram qualquer risco, comigo, eu nunca atiraria neles. Agradeço a eles por não terem retirado a minha vida. Porque chance tiveram".
“Terrorismo se combate com fogo”
Em carta escrita antes de praticar o crime, ele destacou que: 'terrorismo se combate com fogo'. E ainda 'alguém precisava fazer algo efetivo e dar uma resposta a esse genuíno crime organizado'. Ainda no documento, ele completa: "São mais de 3 anos esperando (desde abril de 2013). Angústia porque não sou dono da verdade e, por isso mesmo, ainda tenho um pouquinho de dúvidas acerca dessa minha conduta. Cerca de 5% a 10% de dúvidas. Mas, satisfação porque pedi resposta a Deus e, pelo que percebi, ele me mostrou esse caminho. Tenho cerca de 90% de certeza de que assim devo proceder. Os sinais foram vários, claros e eu prometi a Deus e a Jesus Cristo que estaria pronto para essa tarefa. Ora, se prometi uma coisa a Eles... como posso voltar atrás? Nunca! Sou um servo de Deus e de Jesus Cristo".
Ao final do documento que foi deixado na sala do procurador-geral de Justiça, o servidor autor do atentado ainda colocou uma carta de renúncia e exoneração para que o procurador-geral Rinal Reis assinasse, assim como o procurador-geral adjunto Jovino Sobrinho e o promotor Wendell Beetoven.
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