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20/01/2012 - 
Greve encerrada, mas restam tensões na tropa

 Mesmo com informações da movimentação nos quartéis, o estado de greve de  parte da Polícia Militar do Pará surpreendeu o governo que apostava num acordo  logo após apresentar a proposta de reajuste. A aposta no sucesso da negociação  vinha não apenas da confiança de que os números apresentados seriam  convincentes, mas das dificuldades que os policiais encontram para se mobilizar  e para realizar uma greve, já que o código de conduta da categoria é severo e  prevê penas disciplinares e penais em caso de paralisação. A última greve da PM  no Estado ocorreu em 1997, durante o governo de Almir Gabriel.
Ontem, o governo de Simão Jatene respirou aliviado porque conseguiu afastar o  maior pesadelo que seria uma greve dos praças que poderia dividir ainda mais os  oficiais, já que parte vinha demonstrando a disposição de apoiar, mesmo  veladamente, o movimento.
A preocupação do governo não era por acaso. Os oficiais da PM do Pará estão  divididos. Um grupo quer aceitar a proposta de reajuste salarial apenas a partir  de março, com a apresentação de um projeto de lei propondo os novos valores. Os  reajustes podem chegar a 100%. Boa parte dos oficiais, contudo, quer receber o  mesmo reajuste que será dado aos praças e imediatamente. O argumento do governo  é de que por uma questão de hierarquia, é preciso distanciar o salário dos  oficiais dos praças que estão quase no mesmo patamar. Nos últimos anos, com o  aumento do mínimo, as remunerações atreladas ao piso nacional foram crescendo  enquanto aquelas que não têm relação com o salário mínimo foram encolhendo.  Hoje, a diferença entre o que recebe um subtenente para o salário do tenente  pode chegar a menos de 100 reais.
NEGOCIAÇÕES
A proposta de esperar aumento maior para março tem apoio dos oficiais que  comandam as negociações com o governo, entre eles o chefe da Casa Militar do  Palácio dos Despachos, tenente coronel Fernando Noura, o chefe da Casa Militar  da Assembleia Legislativa do Pará, tenente coronel Osmar Nascimento, e o  comandante do Clube de Oficiais da PM, tenente coronel Hilton Benigno. O grupo,  contudo, enfrenta a desconfiança de parte dos oficiais. “Eles têm interesse em  mostrar serviço ao governo porque querem promoção”, disse um oficial ouvido  ontem pelo DIÁRIO. Para parte dos oficiais, o ideal é que o comando da  negociação estivesse nas mãos de um coronel. “São 25 coronéis. Por que não tem  nenhum na mesa de negociação, além do coronel Daniel, que é o comandante? Um  tenente coronel tem limitações que um coronel não teria”.
A divisão nos quartéis se revelou ontem pela manhã, quando os praças  interditaram a Avenida Nazaré para chamar atenção para a paralisação. Os pneus  dos carros do Batalhão de Choque foram esvaziados; alguns oficiais tentaram  cumprir a ordem de deixar o comando para conter a manifestação, mas um grupo  questionou e houve discussão acalorada.
FALTOU COMANDO
Entre assessores próximos ao governador, também há a avaliação de que faltou  comando junto aos oficiais para trazê-los desde o início para o lado do governo,  o que ajudaria a enfraquecer o movimento dos praças, caso a paralisação se  concretizasse. (Diário do Pará)
 
 
 
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