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quinta-feira, 8 de março de 2012

MULHER



MULHER: entre flores e espinhos

Por Luciana Prazeres

Dia da mulher – flores, felicitações e sorrisos. Todos os anos a mesma coisa, é como se num único dia a sociedade se esforçasse em nos agradecer e desculpar por ser quem somos. Embora fique sempre o questionamento: qual a peculiaridade intrínseca a elas possibilita a existência desse dia?
Primeiro vamos resgatar um pouquinho da nossa história. Como relacionar luta por direitos políticos, emancipação social e independência financeira a “queima de sutiãs”? O ato de expor nosso corpo foi uma forma de deflagrar direitos, gritar e expor cicatrizes capazes de chocar uma sociedade que preconizava o uso do espartilho em uma mulher muda, cega e burra. A nossa história arde por memórias que nos entristece, pois, onde há falta de respeito há uma vergonha moral pautada em preconceitos.

No dia 8 de março de 1857 nos Estados Unidos, na cidade Nova Iorque, mulheres reivindicavam melhores condições de trabalho num contexto em que a sociedade se industrializava e erguia as bases do capitalismo moderno. Diminuição da carga horária, equiparação dos salários e dignidade eram a pauta da luta dessas mulheres que sinalizam a transição de uma sociedade machista para uma sociedade humanizada. O desfecho foi triste – a manifestação foi debelada com violência. As grevistas foram trancafiadas no interior da fábrica e a mesma foi incendiada. Cerca de 130 tecelãs morreram carbonizadas. A adversidade dessa brutalidade decorreu de um posicionamento inesperado e seus efeitos ainda ressoam em nossa experiência feminina coletiva.

Assumir um discurso de gênero hoje, portanto, não significa se desgastar com radicalismos no intento de validar afirmações de direitos, mas, construir uma voz que reúna em sua amplitude aquilo que mais necessitamos: respeito e dignidade. Admitindo que precisamos ser respeitadas nas nossas diferenças, assumindo nosso papel de dar a vida, carregar sementes e gerir o futuro.

A força da mulher reside em se aceitar, se reinventar, chorar sem medo, sorrir com naturalidade, (re)descobrir sua sexualidade, desconstruir que sua delicadeza não é fraqueza, que podemos ser mães e pais, policiais, esposas, amigas, guerreiras, donas de casa, empregadas domésticas, vendedoras, namoradas, filhas, podemos ser o que quisermos, pois o que nos une é nossa identidade, que se impõe a despeito de tudo e todos, salientando que é numa experiência de dor onde adquirimos nosso maior contentamento.

O tempo, contudo, é matéria irreversível, existem marcas que estão incorporadas a nossa história, por isso, a melhor forma de refletir esse dia é compreendendo a importância de se combater todas as esferas da violência contra a mulher – sobretudo a violência velada, aquela que se esconde por detrás de uma rosa, através da discriminação psicológica, da degradação moral, do assédio sexual, do antiprofissionalismo e da difamação púbica, caluniosa, ardil. Nos insurgir contra esses comportamentos é a forma que temos de dizer quem somos, confirmar que nos valorizamos e provar nossa competência.

Autora: Luciana Prazeres

FONTE - ABORDAGEM POLICIAL



Parabéns a todas mulheres policiais e bombeiros do Brasil, que honram a farda, dignificam nossa profissão e trazem mais ternura por onde passam.
Cabo Queiroz

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