Páginas

sábado, 21 de setembro de 2019

E tome sacanagem...

Filme com nudez de Xuxa pode superar proibição e ser exibido em cinemas e na TV

Há quase três décadas, a apresentadora Xuxa Meneghel conseguiu proibir na Justiça a comercialização do filme ‘Amor Estranho Amor’ (1982), em que seu personagem seduzia um menino de 12 anos. A possibilidade de o longa voltar a ser exibido agora em cinemas e na TV chama a atenção para a obra do diretor Walter Hugo Khouri, que deixou legado relevante para a cinematografia brasileira.
Em sua introdução ao livro “Do Sentimento Trágico da Vida”, de Miguel de Unamuno, o filósofo espanhol Fernando Savater comenta que é comum às mentes notáveis passar por uma “colocação entre parênteses”: um tempo no purgatório do ostracismo após sua morte, ao final do qual podem ou cair no esquecimento geral ou se instalar para sempre na glória dos eleitos.
Cito Savater para evocar um tabu na história do cinema brasileiro: o filme “Amor Estranho Amor” (1982), cuja comercialização está proibida pela Justiça desde 1991, em decisão tomada pelo então juiz de primeiro grau Luiz Fux, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal. O caso voltou recentemente às páginas culturais e sociais, paradoxalmente, por meio de declarações proferidas pela própria autora da petição de banimento.
A apresentadora Xuxa Meneghel, cuja carreira agora foi redirecionada para o público adulto, queixou-se em suas redes sociais das circunstâncias que a fizeram atuar naquela produção, na qual ela, então uma jovem atriz, aparece nua com um menino de 12 anos —a atriz e modelo ainda não apresentava programas infantis na ocasião.
Xuxa, porém, terminou sua declaração com uma grata surpresa para os cinéfilos e pesquisadores. Sugeriu que todos assistissem ao filme, pois ele é “muito bom”.
A polêmica tem o mérito de resgatar a memória do diretor do filme, Walter Hugo Khouri (1929-2003), um dos maiores cineastas brasileiros. Khouri, que completaria 90 anos em 21 de outubro, nasceu numa São Paulo que despertava para o progresso e se colocava entre os principais polos econômicos da primeira metade do século 20.
FOLHAPRESS

Nenhum comentário:

Postar um comentário