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domingo, 2 de maio de 2010

A ARTE DE COMANDAR

Os séculos de história da convivência humana e de nossa concepção enquanto sociedade, nos mostram que dentre os povos, sempre existiram comandantes e comandados, dirigentes e dirigidos, líderes e liderados. Essa relação transita entre capazes e incapazes, sábios e tolos, presentes e ausentes e assim por diante. De certa forma essa necessidade de liderança parece ser inerente à espécie humana e surge justamente no momento em que o homem descobriu a existência de fortes e fracos, e aí no decorrer dos séculos, foi-se aperfeiçoando a arte de dirigir e lapidando-a a outras necessidades.


Nas idades antiga e média, os grandes exércitos foram sempre liderados por grandes nomes. Átila ,“o flagelo de Deus”, comandou os bárbaros e aterrorizou até os romanos. Carlos Magno que era também imperador, esteve à frente de seus guerreiros e expandiu o reino franco com perícia e inteligência. Em Roma, os césares, especificamente Júlio, faziam questão de estar à frente de suas tropas, ou de na impossibilidade de estar, confiar a tarefa a algum excepcional de sua confiança. Napoleão, já em idade mais recente, foi o condutor do exército francês e o responsável por gloriosas páginas da história do seu país. Ainda na idade moderna o grande Hitler que conduziu o reich alemão ao ápice e ao fracasso respectivamente. Aqui no Brasil, tivemos bons exemplos, dentre os quais podemos citar o Duque de Caxias, o Marechal Cândido Rondon, Marechal Manoel Deodoro, Virgulino Ferreira, dentre outros falsos heróis que a história tradicional eleva, mas que aqui devemos rejeitar.


Em todos esses homens, pairava pelo menos duas características comuns: estavam sempre presentes e tinham suas estratégias de comando, permeadas por projetos pré-definidos e meticulosamente arquitetados. Apostavam no diálogo, e sempre que podiam, estavam a consultar os mais experientes com prudência e humildade. Apesar de projetar suas ações, só às confiava à tropa, se estivessem à frente, coordenando, ordenando, observando, agindo, avaliando e acima de tudo comemorando o sucesso ou amargando o fracasso, já que nenhuma estratégia estará imune aos dissabores.


É fato que dentre esses estavam alguns rudes analfabetos, a exemplo de Carlos Magno que só foi alfabetizado após adulto e o próprio Virgulino, meticuloso e estrategista que se quer assinava corretamente seu próprio nome.


Hoje, era moderna, D’onde se esperava o aperfeiçoamento das técnicas de comando e liderança, desenvolveu-se em algumas autarquias, uma estratégia no mínimo estranha: a dos comandantes que nada comandam. Não têm projeto para o que deveriam comandar, e ainda estão sempre ausentes daquilo que deveria estar abaixo de suas vistas. Dessa forma, sem objetivos definidos, “o barco está à deriva”. Pouco funciona e o pouco que funciona, às vezes esbarra no desastre. Nossa corporação está infestada desses parasitas.


Eu particularmente não acredito no líder que não conhece o que lidera, no comandante que não conhece o que comanda, no diretor que não conhece o que dirige e assim por diante. Como sei, por experiência adquirida que aquele que se dá a comandar ou dirigir sem planejamento estratégico, sem objetivos definidos e sem uma política do diálogo e da consulta, está fadado ao fracasso.


Porém o que ainda não consegui perceber, foi se estamos realmente fora de nossos objetivos ou se estamos no reino do “faz-de-conta”, como atores de uma novela ridícula, que em horário nobre, suprime o direito e a razão em detrimento da ignorância e da inoperância.


CB PM MARCOS TEIXEIRA
Poeta, sociólogo e pensador
Fonte Cabo Heronides

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