Brasília (AE) - As pressões no Congresso para aumentar gastos públicos foram o centro da primeira reunião do grupo de transição entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, realizada ontem. A proposta de emenda à Constituição que cria um piso salarial para policiais civis, militares e bombeiros é um dos itens que mais preocupam o futuro governo de Dilma.
O projeto elevará a despesa em R$ 30 bilhões ao ano e os deputados assumiram o compromisso de votá-lo ainda em 2010. A conta recairá sobre os cofres dos Estados, que pagam os salários dos policiais, mas a União terá de complementar os gastos. Somente para São Paulo, o aumento causará impacto de R$ 8 bilhões.
“Vejo que os governadores estão se mobilizando para vir pressionar por mais repasses da Lei Kandir”, disse ao Grupo Estado o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que ontem participou da reunião da equipe de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), e depois foi à casa da presidenta eleita.
Bernardo se referia à mobilização dos governadores da oposição, que reivindicam do Planalto R$ 19,5 bilhões, a título de repasse, referentes a perdas que tiveram com a Lei Kandir. A lei desonera a exportação de produtos básicos e semielaborados. “Mas, se essa emenda passar, não tem Lei Kandir que dê jeito”, insistiu o ministro do Planejamento.
Alertado sobre o problema, o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), afirmou que conversará com os governadores. “Os avisos foram feitos: vamos ser contrários a qualquer projeto que aumente os gastos sem ter recurso previsto no Orçamento”, observou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também presente ao encontro de hoje.
Destaque
Temer presidiu a reunião do grupo de transição. Foi escalado para conversar com os jornalistas, ocupando lugar de destaque após o mal-estar entre o PT e o PMDB. O desconforto ocorreu porque a primeira reunião de trabalho de Dilma, logo após a eleição, foi realizada só com petistas. Depois de protestos do PMDB, Temer foi incluído no grupo de comando da transição.
“A nossa preocupação maior é o Orçamento. De qualquer forma, só vamos fazer ajustes, nada mais do que isso”, insistiu o vice-presidente eleito, que também preside a Câmara dos Deputados e o PMDB. “Eu disse para o Temer tomar cuidado para não fazer o não-ajuste”, contou Paulo Bernardo.
Além do piso salarial dos policiais, outros pedidos ameaçam abrir um rombo no Orçamento de 2011, tornando-o inadministrável. No total, os projetos em avaliação no Congresso, que aumentam as despesas, somam R$ 125,9 bilhões.
Os parlamentares querem, por exemplo, elevar a cota reservada para cada um deles fazer emendas ao Orçamento - dos atuais R$ 12,5 milhões para algo como R$ 15 milhões ou R$ 17 milhões. O relator do Orçamento, senador Gim Argello (PTB-DF), diz ter pedidos que somam R$ 30 bilhões para uma receita adicional de apenas R$ 17,7 bilhões.
Salário mínimo
Governo e equipe de transição vão fechar uma posição em comum para outro tema espinhoso: o reajuste do salário mínimo. A proposta do Orçamento contempla um piso de R$ 538,15, mas as centrais sindicais reivindicam R$ 580. Cálculos do Planejamento indicam que cada real a mais concedido ao mínimo eleva as despesas federais em R$ 286,4 milhões.
O encontro entre sindicalistas e governo deve ser realizado na próxima semana. Paulo Bernardo não adiantou qual será a proposta do governo.
“Minha posição pessoal é manter a regra”, disse ele. Nesse caso, o salário mínimo seria apenas arredondado para R$ 540. Dilma, porém, deu sinais de que será possível ceder algo mais aos trabalhadores, desde que essa margem seja descontada do reajuste previsto para o mínimo em 2012. As centrais sindicais são contra essa proposta.
Sete técnicos foram nomeados
Brasília (AE) - Os trabalhos da transição entre governos começaram ontem com a nomeação de 7 dos 50 técnicos que a presidenta eleita, Dilma Rousseff, poderá escalar para auxiliá-la até o fim deste ano. Eles receberam senhas para acessar um portal elaborado pelo Ministério do Planejamento, contendo informações sobre os principais projetos de cada pasta e a execução orçamentária deles. “Estamos carregando hoje no site os dados referentes a Orçamento e pessoal”, contou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Além de discutir os problemas imediatos em relação às contas de 2011, a primeira reunião do grupo de transição serviu para dividir tarefas.
Ficou acertado que o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), e o presidente do PT, José Eduardo Dutra, vão coordenar os trabalhos políticos. Os deputados Antonio Palocci (PT-SP) e José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP) comandarão a parte técnica pelo lado da equipe de Dilma.
Pelo lado do governo, Paulo Bernardo vai se ocupar das discussões sobre o Orçamento Geral da União. O ministro interino da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima, será o principal interlocutor pelo lado administrativo.
Ele se encarregou, por exemplo, de elaborar um livro sobre os principais itens de cada ministério. Há relatórios on line sobre a situação da cada pasta mostrando o “estado da arte” de cada uma.
A equipe de Dilma recebeu a chamada “Agenda 120”, que lista tarefas de rotina a serem cumpridas por cada ministério nos primeiros 120 dias do ano. Ela diz, por exemplo, que a proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2012 deve ser enviada ao Congresso até o dia 15 de abril.
“Vamos tentar fazer as coisas da forma menos burocrática possível”, disse Bernardo. “Se eles precisarem, é só ligar.” Em teoria, o próximo encontro entre a equipe de transição e a do governo está marcado para quarta-feira.
Fonte: Tribuna do Norte
O projeto elevará a despesa em R$ 30 bilhões ao ano e os deputados assumiram o compromisso de votá-lo ainda em 2010. A conta recairá sobre os cofres dos Estados, que pagam os salários dos policiais, mas a União terá de complementar os gastos. Somente para São Paulo, o aumento causará impacto de R$ 8 bilhões.
“Vejo que os governadores estão se mobilizando para vir pressionar por mais repasses da Lei Kandir”, disse ao Grupo Estado o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que ontem participou da reunião da equipe de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), e depois foi à casa da presidenta eleita.
Bernardo se referia à mobilização dos governadores da oposição, que reivindicam do Planalto R$ 19,5 bilhões, a título de repasse, referentes a perdas que tiveram com a Lei Kandir. A lei desonera a exportação de produtos básicos e semielaborados. “Mas, se essa emenda passar, não tem Lei Kandir que dê jeito”, insistiu o ministro do Planejamento.
Alertado sobre o problema, o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), afirmou que conversará com os governadores. “Os avisos foram feitos: vamos ser contrários a qualquer projeto que aumente os gastos sem ter recurso previsto no Orçamento”, observou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também presente ao encontro de hoje.
Destaque
Temer presidiu a reunião do grupo de transição. Foi escalado para conversar com os jornalistas, ocupando lugar de destaque após o mal-estar entre o PT e o PMDB. O desconforto ocorreu porque a primeira reunião de trabalho de Dilma, logo após a eleição, foi realizada só com petistas. Depois de protestos do PMDB, Temer foi incluído no grupo de comando da transição.
“A nossa preocupação maior é o Orçamento. De qualquer forma, só vamos fazer ajustes, nada mais do que isso”, insistiu o vice-presidente eleito, que também preside a Câmara dos Deputados e o PMDB. “Eu disse para o Temer tomar cuidado para não fazer o não-ajuste”, contou Paulo Bernardo.
Além do piso salarial dos policiais, outros pedidos ameaçam abrir um rombo no Orçamento de 2011, tornando-o inadministrável. No total, os projetos em avaliação no Congresso, que aumentam as despesas, somam R$ 125,9 bilhões.
Os parlamentares querem, por exemplo, elevar a cota reservada para cada um deles fazer emendas ao Orçamento - dos atuais R$ 12,5 milhões para algo como R$ 15 milhões ou R$ 17 milhões. O relator do Orçamento, senador Gim Argello (PTB-DF), diz ter pedidos que somam R$ 30 bilhões para uma receita adicional de apenas R$ 17,7 bilhões.
Salário mínimo
Governo e equipe de transição vão fechar uma posição em comum para outro tema espinhoso: o reajuste do salário mínimo. A proposta do Orçamento contempla um piso de R$ 538,15, mas as centrais sindicais reivindicam R$ 580. Cálculos do Planejamento indicam que cada real a mais concedido ao mínimo eleva as despesas federais em R$ 286,4 milhões.
O encontro entre sindicalistas e governo deve ser realizado na próxima semana. Paulo Bernardo não adiantou qual será a proposta do governo.
“Minha posição pessoal é manter a regra”, disse ele. Nesse caso, o salário mínimo seria apenas arredondado para R$ 540. Dilma, porém, deu sinais de que será possível ceder algo mais aos trabalhadores, desde que essa margem seja descontada do reajuste previsto para o mínimo em 2012. As centrais sindicais são contra essa proposta.
Sete técnicos foram nomeados
Brasília (AE) - Os trabalhos da transição entre governos começaram ontem com a nomeação de 7 dos 50 técnicos que a presidenta eleita, Dilma Rousseff, poderá escalar para auxiliá-la até o fim deste ano. Eles receberam senhas para acessar um portal elaborado pelo Ministério do Planejamento, contendo informações sobre os principais projetos de cada pasta e a execução orçamentária deles. “Estamos carregando hoje no site os dados referentes a Orçamento e pessoal”, contou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Além de discutir os problemas imediatos em relação às contas de 2011, a primeira reunião do grupo de transição serviu para dividir tarefas.
Ficou acertado que o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), e o presidente do PT, José Eduardo Dutra, vão coordenar os trabalhos políticos. Os deputados Antonio Palocci (PT-SP) e José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP) comandarão a parte técnica pelo lado da equipe de Dilma.
Pelo lado do governo, Paulo Bernardo vai se ocupar das discussões sobre o Orçamento Geral da União. O ministro interino da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima, será o principal interlocutor pelo lado administrativo.
Ele se encarregou, por exemplo, de elaborar um livro sobre os principais itens de cada ministério. Há relatórios on line sobre a situação da cada pasta mostrando o “estado da arte” de cada uma.
A equipe de Dilma recebeu a chamada “Agenda 120”, que lista tarefas de rotina a serem cumpridas por cada ministério nos primeiros 120 dias do ano. Ela diz, por exemplo, que a proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2012 deve ser enviada ao Congresso até o dia 15 de abril.
“Vamos tentar fazer as coisas da forma menos burocrática possível”, disse Bernardo. “Se eles precisarem, é só ligar.” Em teoria, o próximo encontro entre a equipe de transição e a do governo está marcado para quarta-feira.
Fonte: Tribuna do Norte
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