Após retomar o território dos morros Pavão-Pavãozinho e Cantagalo (zona sul do Rio), que até dezembro de 2009 estavam em mãos do tráfico de drogas, policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) precisavam ainda encarar uma missão trabalhosa: ganhar a simpatia de seus moradores.
A solução veio em março do ano passado por meio de ideia do soldado da PM Luís Alexandre. Começava ali o projeto Craques da Paz, com o objetivo de dar aulas de futsal para crianças e adolescentes da comunidade.
Hoje, ao invés de olhares defensivos e enviesados, o PM recebe abraços por onde passa. Todas as terças e quintas, Luís Alexandre tenta subir as ladeiras íngremes até uma quadra no alto do morro, mas é interrompido a cada dois passos por crianças com uniformes completos: chuteiras, camisas e sorrisos.
Cerca de 200 delas brotam de todas as vielas, eufóricas pela chegada da hora mais aguardada da semana.
- Agora os moradores sabem da nossa boa intenção. Perceberam que não somos um bicho-papão. Desde o começo, sempre tratamos todas as crianças da mesma forma, sem querer saber se o pai delas era traficante, se está preso ou se fugiu daqui.
Luís Alexandre explica ainda que a figura do traficante como ídolo, como objetivo de futuro para algumas crianças, aos poucos foi destruída. Hoje, os moradores brigam para pegar carona no carro da UPP para descer o morro.
- Quando chegamos aqui, víamos, às vezes, gente atrasada, descendo correndo as ladeiras. Queríamos ajudar, mas eles evitavam contato. Agora, somos vistos de maneira bem mais simpática. Tanto que eles disputam carona, querem entrar na viatura de óculos escuros, com a sirene ligada e com o braço para fora da janela, pedindo preferência.
R7
Nenhum comentário:
Postar um comentário