PUBLICADO EM 2013, O ARTIGO DO SARGENTO É ATUAL E FAZ UMA INTERESSANTE
ANÁLISE SOBRE AS CLASSES MILITARES POLICIAIS. VALE A PENA A LEITURA
Nesta
semana algumas propostas de reestruturação surgiram e foram devidamente
publicadas em vários blogs policiais do Distrito Federal. Várias teorias
surgiram, entre elas, a de que as propostas seriam apenas uma tentativa
de salvação de mandatos eletivos de políticos que nada fizeram por
nossa categoria profissional, POLICIAL MILITAR.
Após o
surgimento destas propostas também surgiu uma suposta "carta resposta"
da Associação dos Oficiais repudiando a tal proposta de reestruturação,
repudiando a entrada única de policiais, sugerindo o curso de direito
como pré-requisito para se tornar oficial da Policia Militar.
Acredito,
entretanto, que Direito não seja o curso mais indicado para nossos
gestores. Administração sim, seria o curso mais adequado para policiais
que precisam gerir pessoas, verba e equipamentos. Direito poderia vir em
segundo plano, poderia ser exigido para quem trabalha nas ruas, que
precisam saber o que fazer com criminosos, mas não é esse o ponto
principal desta postagem.
Porque me
tornar oficial de policia? Porque deixaria de ser um técnico, um
executor? Não existe nada de pejorativo em prender marginais, não é uma
função pior do que qualquer outra, pelo contrário é algo diferente,
apaixonante, que utiliza conhecimentos técnicos, legais, físicos e
táticos. Não é algo para qualquer um, tem que gostar, tem que saber
fazer (ou pelo menos tentar). E quando já estamos ficando melhores, mais
experientes nos jogam em uma função de pseudo oficial (oficial
administrativo). Um oficial que não pode agir plenamente como oficial,
por exemplo não pode comandar uma companhia de um Batalhão, ficando na
maioria das vezes relegado a um posto de logística/ reserva de
armamento.
Achamos
que somos únicos mas todas as profissões tem gestores e executores. Uma
das mais nobres profissões, a de médico, que possui diretores de
hospitais, burocratas que tem que desenrolar-se logisticamente para
administrar salários, custos, estruturas, demandas e temos médicos que
tem seus plantões, fazem atendimentos emergenciais (GTOPs, ROTAM,
PATAMO), consultas (RPs), cirurgias (BOPE). Você não vê médicos se
matando para se tornar diretor de hospital, é claro que alguns querem,
aqueles que não são vocacionados para a medicina, mas não há esse
desespero de todos se tornarem gestores, temos médicos de 30 anos de
profissão que amam o que fazem e seria um desserviço retirá-los do
atendimento, assim como existem médicos de 30 anos de idade que já
dirigem hospitais e o fazem com grande competência. A grande diferença
entre estes médicos e nós policiais é que médicos ganham bem o
suficiente para não ficarem loucos para se tornarem gestores, e nós
policiais militares queremos ser oficiais não pela função em si, mas
pelo que ela remunera.
Quero ser
um executor que tenha cursos a minha disposição, estandes para treinar,
viaturas em condições e alojamentos idem, e para isso necessito da
atividade meio e de gestores que estejam correndo atrás. Uma boa linha
de frente, motivada, bem paga e equipada combate a criminalidade
motivada e os louros dessa boa atuação refletem não apenas no
combatente, mas em todos. Todos estão felizes com nossa idiotice de
ficar brigando entre si. Outras corporações, o governo local, deputados,
todos ficam rindo da nossa cara, achando bom esse nosso patético
teatro. Eles sabem que se fossemos unidos e organizados seriamos a
menina dos olhos da segurança pública, a meninas dos olhos dos
governadores e principalmente da sociedade que validaria qualquer
tentativa de aumento de salários de nossa tropa.
Não quero
ser oficial nem salário de oficial, quero um salário digno e pronto.
Continuar procurando marginais, foi para isso que me inscrevi no
concurso de soldado policial militar, não foi para um dia sair major ou
tenente coronel. Não tenho essa ambição, pelo contrario a cada dia que
mais próximo fico da carreira de oficial Administrativo mais triste
fico.
Porque
não posso passar 30 anos sendo praça, correndo atrás de vagabundo, me
divertindo no serviço operacional, é isso que quero, o que anseio, mas
quero passar trinta anos praça ganhando bem, só isso. Um praça não tem
que ganhar mal para um oficial ganhar bem, podem os dois ganharem bem e
com isso todos ganham. Não tenho que me tornar oficial administrativo
para ganhar bem. Que praças e oficiais entrem em acordo, pois uma
policia fraca como estamos ficando não trás lucro para ninguém, oficiais
ou praças.
Não quero
desmerecer a função de oficial de policia, temos grandes oficiais
policiais militares, e que exercem com maestria sua função, a de
gestores, mas sou praça, adoro o que faço e não vejo nada de errado em
continuar sendo um combatente. Desde que receba bem para isso!
Fonte: Caserna PapaMike - Foto: André Gustavo Stumpf.
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