Bispo de Caicó critica grupos de pessoas que se beneficiam da indústria da seca

Questionado pelo Novo Jornal se o problema da seca no Nordeste tem 
solução, o bispo de Caicó, dom Antônio Carlos Cruz, compara a região 
brasileira ao país de Israel, que embora tenha um clima seco dispõe de 
um moderno sistema de irrigação que consegue economizar água a ponto de 
não deixar faltar o produto para a população.
Como entrave para que o desenvolvimento chegue ao Nordeste nos moldes
 como ocorre naquele país, dom Antônio afirma que, além da falta de 
vontade política dos gestores públicos, há um grupo de pessoas que se 
beneficiam com o sofrimento da população mais carente.
“Agora é saber se existe vontade política para isso ou se existe uma 
indústria da seca, ou seja, pessoas que se beneficiam disso. Aqui no 
Nordeste temos a indústria da seca como temos ao longo da história do 
Brasil pessoas que se beneficiam dos pobres. Tem gente que vive à custa 
dos pobres”, critica dom Antônio.
Ainda na visão do bispo de Caicó, no quesito desenvolvimento social o
 Nordeste ainda está muito longe de onde poderia estar. Natural do Rio 
de Janeiro, ele analisa de maneira crítica que o debate sobre a crise 
hídrica, que hoje afeta todo o Brasil, só teve uma maior repercussão 
porque começou a incomodar estados da região Sudeste.
Nomeado para ser bispo de Caicó há cerca de um ano, ele diz que 
enquanto morava no Rio de Janeiro sequer ouvia falar da existência de 
crise hídrica no Rio Grande do Norte e nos demais estados nordestinos. 
Ao chegar em solo potiguar, porém, surpreendeu-se ao saber que o estado 
já passava, na época, pelo terceiro ano seguido de convivência com a 
escassez de chuva. “Eu acho que é preciso que a gente coloque o Nordeste
 no lugar que ele merece. Ele é Brasil, ele não está à parte do Brasil. 
Já melhorou muito a situação, mas temos que melhorar mais ainda”, 
defende.
Apesar da alternância de poder que houve nas várias áreas de governo 
ao longo dos anos, ele questiona: “Quantas pessoas estão ocupando cargos
 políticos no Brasil há anos e não resolveram essa situação?”. A 
despeito da inércia do poder público e da desassistência à população, 
ele afirma que a vida desses políticos melhorou pelo fato deles se 
locupletarem de recursos públicos em benefício próprio.
Por Robson Pires 
 
 
 
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