Brasília – Diante da onda de manifestações que vêm tomando conta das
ruas de várias cidades do Brasil nas últimas semanas, representantes dos
principais partidos politícos do país ouvidos pela Agência Brasil,
consideram que a aprovação de uma reforma política e a adoção de
medidas para melhorar a mobilidade urbana, a saúde e a educação,
principalmente, seriam uma resposta ao clamor popular.
Mesmo sem apresentar ações concretas para dar resposta às manifestações,
representantes de nove partidos – PMDB, PSDB, PSOL, DEM, PV, PSB,
PCdoB, PDT e PP – disseram que os políticos precisam interpretar o
clamor das ruas e promover mudanças. Procurado, o PT não retornou as
ligações.
Os partidos de oposição ao governo atribuem ao Executivo parte da
responsabilidade pela revolta popular, por ter se distanciado dos
problemas do dia a dia da população, mas reconhecem que o Legislativo
também precisa agir.
Para o Democratas, entende que há uma "dessintonia" entre as agendas do
governo e da sociedade. "Denunciamos isso há muito tempo: mais verbas
para saúde. Há quando tempo vimos lutando contra o aumento da carga
tributária? E por aí vai. Há quanto tempo denunciamos a falta de
planejamento no país?”, questionou o presidente do DEM, senador José
Agripino (RN).
Em nota, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que as
manifestações demonstram uma “aguda crítica à corrupção e à impunidade
que persistem na base do sistema político, impedindo transformações e
agredindo diariamente os brasileiros”.
A população saiu às ruas para questionar “direitos que estão sendo
negados”, ressaltou o presidente do PSOL, deputado Ivan Valente (SP). “É
preciso criar uma plataforma política de mudanças para garantir
direitos sociais, mudanças estruturais que vão além da luta pela redução
da tarifa. Precisamos de uma reforma política, democratização da
política, fim do financiamento privado”, disse ele.
O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), defendeu a necessidade
de mais agilidade nas ações do Executivo e do Legislativo. Para ele, a
burocracia faz com que muitas políticas sociais demorem a sair do papel.
“A reforma tributária nunca saiu do papel, e a população está cansada
de pagar impostos e não ter retorno”, enfatizou.
Para o vice-presidente da Executiva Nacional do PDT, deputado André
Figueiredo (CE), os partidos não podem deixar o movimento popular “cair
no vazio. “Algo que precisa ser feito é uma reforma política, com novos
parâmetros de representação popular, com democracia direta, realização
de plebiscitos e referendos. Temos que aproveitar este momento e não
deixar cair no vazio.”
Para o PSB, a reforma urbana foi a mensagem mais importante das
recentes manifestações populares. O primeiro secretário nacional do
partido, Carlos Siqueira, disse que a população não compreende os gastos
feitos com as obras dos estádios da Copa do Mundo de 2014 enquanto
convive com limitações diárias de mobilidade e moradia. “[A população]
não vai entender, por exemplo, que, em uma cidade como Brasília, que tem
um enorme problema de mobilidade, assim como São Paulo, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte, Salvador e tantas outras, seja construído um estádio de
R$ 1,5 bilhão.”
O PV também enfatizou a necessidade de uma reforma política, parada no
Congresso Nacional há mais de 20 anos. “Defendemos que o debate ocorra
em uma constituinte específica que tenha partes deste movimento
[popular] representadas”, disse o presidente do partido, José Luiz Penna
(SP).
Para o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, os protestos revelaram o
estresse da população dos grandes centros urbanos. Rabelo defendeu uma
reforma urbana que inclua soluções principalmente para os problemas
habitacionais e de mobilidade urbana. O PP, por meio da assessoria de
imprensa, informou que o partido tem buscado maior interação com a
população e promovido uma restruturação para melhor compreender as
demandas do eleitorado.
Da Agência Brasil
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