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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

[ESPÍRITO SANTO] Entenda o movimento da Polícia Militar

crise-no-espirito-santo-1O Espírito Santo vive dias de insegurança e medo nas ruas. Desde que familiares de PMs decidiram paralisar as atividades dos militares, impedindo a saída deles dos quartéis, a Grande Vitória registrou um alto número de assassinatos, assaltos, tiroteios e saques a comércios. Com medo, a população não saiu de casa. Entenda como começou esse movimento:


Quando as manifestações começaram?
Familiares de policiais militares, sendo a maioria mulheres, começaram um protesto no sábado (4) às 6h, em frente aos batalhões da PM.
A manifestação foi registrada em batalhões de todos os sete municípios da Grande Vitória e nas cidades de Colatina, Linhares, Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim e Piúma.
Quais são as reivindicações dos manifestantes?
– Melhores condições de trabalho;
– Melhoria em frota sucateada;
– Reajuste salarial: correção de 7 anos de perdas pela inflação, mais ganho real de 10%;
– Auxílio-alimentação;
– Adicional por periculosidade;
– Adicional por insalubridade;
– Adicional noturno
– Plano de saúde
– São obrigados a pagar viatura quando ela bate, mas não recebem adicional por serem também motoristas de viatura.
– Fazem revezamento de coletes muitas vezes indo para casa sem colete (alegam risco no caminho casa – trabalho – casa).
Quanto ganha um policial militar no Espírito Santo?
O piso salarial de um soldado é de R$ 2.646,12. Desse valor, há desconto para o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Espírito Santo (IPAJM). A remuneração pode ser um pouco maior, quando o soldado cumpre escala extra. A média nacional é de R$ 3.980, segundo a Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo.
Há quanto tempo a categoria não recebe reajuste?
Os policiais estão há 7 anos sem aumento real e há 4 anos sem reajuste da inflação, segundo a Associação dos Oficiais Militares do ES.
Por que o governo estadual afirma não poder reajustar salários?
O governador em exercício, César Colnago, disse que o estado não tem caixa por causa crise e não tem como prometer o que não pode cumprir. O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou ao Bom Dia ES, nesta terça-feira (7), o governo “não vai desarrumar as contas públicas para atender, nesse momento, essas reivindicações”. “Quando as situações objetivas do cenário econômico melhorarem, certamente nós vamos retomar as negociações com o conjunto de servidores”, afirmou.
Por que a Polícia Militar não pode fazer greve ou sindicalizar?
Os familiares protestam no lugar dos PMs, porque eles são proibidos pela Constituição Federal de fazer greve ou paralisação. Isso acontece porque os policiais militares se enquadram no regime militar, ou seja, devem obedecer às mesmas regras dos demais militares. A pena para o PM que participar em atos desse tipo pode chegar a dois anos de prisão.
De quantos policiais é composto o efetivo da Polícia Militar do ES?
Na ativa, há cerca de 10 mil policiais, sendo 2 mil por dia nas ruas, em escala.
Qual a situação do movimento, segundo a Justiça?
A paralisação foi classificada pela Justiça como “greve branca”, uma vez que os militares alegam não poder trabalhar por conta do protesto dos próprios familiares. Portanto, o movimento foi considerado ilegal. Associações de policiais militares, sargentos e oficiais serão multadas, cada uma, em R$ 100 mil por dia.
Qual foi a resposta das associações de policiais sobre as multas?
O representante da Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo, major Rogério Fernandes Lima, disse que a instituição foi notificada e que os advogados vão apresentar a defesa nesta terça. “Nós não fazemos greve. O que está acontecendo é um impedimento, por parte dos familiares, que os policiais saiam para o serviço. Se houver a caracterização de que o PM não quer ir ao policiamento, aí sim poderíamos falar em greve branca, aquartelamento. Até agora, não é o que acontece”, afirmou.
Entenda a crise na segurança no ES
– Os PMs reivindicam aumento nos salários, pagamento de benefícios e adicionais e criticam as más condições de trabalho.
– Como os PMs não podem fazer greve, as famílias foram para a frente dos batalhões para impedir a saída das viaturas policiais.
– O bloqueio começou no sábado (4) e atinge a Grande Vitória e cidades como Linhares, Aracruz, Colatina, Cachoeiro de Itapemirim e Piúma.
– Desde então, a Grande Vitória registrou 68 mortes violentas, ante 4 em todo o mês de janeiro, segundo o sindicato da Polícia Civil.
– Escolas, postos de saúde e parte do comércio estão fechados desde segunda-feira (6), quando ônibus também pararam de circular. Os coletivos voltaram a rodar na manhã desta terça (7), mas serão recolhidos novamente às 19h.
– 1.000 homens das Forças Armadas fazem policiamento na Grande Vitória desde segunda; 200 integrantes da Força Nacional começam a atuar nesta terça.

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