A investigação da Operação Reis do Gado identificou que uma
das fazendas da família do governador do Tocantins, Marcelo Miranda
(PMDB), avaliada em R$ 40 milhões, foi registrada por R$ 20 mil. O
peemedebista foi alvo de mandado de condução coercitiva nesta
segunda-feira, 28.
O delegado regional de combate ao crime organizado, Cleyber Malta, da
Polícia Federal, afirmou que R$ 200 milhões em patrimônio financeiro e
de bens da família do governador do Tocantins esteve em nome de
terceiros, entre 2005 e 2012. Segundo o delegado, ao final deste
período, parte dos valores teria voltado para a família, “saindo do nome
dos laranjas”.
“Para se ter uma ideia em relação à lavagem, uma das fazendas foi
registrada por R$ 20 mil quando na verdade, na época, estima-se que ela
já valia R$ 40 milhões”, relatou o delegado.
A família de Marcelo Miranda chegou a ter 30 mil cabeças de gado,
segundo a investigação da Reis do Gado. O delegado afirma que o gado era
usado para gerar lucro ou prejuízo ao esquema.
Cleyber Malta relata que se em alguns momentos fosse necessário ter
prejuízo, então, o gado não dava cria durante um ano inteiro. Em outras
oportunidades, se o esquema precisasse de lucro, o rebanho aumentava de
maneira desproporcional.
“O gado entra como uma forma de lastro financeiro para subsidiar essa
lavagem, então, você tem situações em que vai examinar a movimentação
de dados e as vacas teriam que ter cria duas vezes ao ano para atingir
aquela quantidade”, destacou. “Os empresários colocavam um prejuízo ou
um lucro máximo de 1%.”
Além das fazendas, a Reis do Gado identificou “diversas aeronaves em uso e da própria família” e salas comerciais.
Os valores lavados, segundo a operação, tinham origem na corrupção.
“Havia sempre uma tentativa de composição dessas empresas com os
governadores para que permanecessem fazendo obras porém pagando propina
para a manutenção desses contratos. Essa propina era paga tanto para
recebimento das obras como em forma de doação de campanha. Várias
doações dessas empresas, tanto as contabilizadas quanto as conhecidas
como caixa 2 de campanha sem registro, eram feitas nas duas eleições dos
governadores”, afirma o delegado.
Defesa
Sobre a operação da Polícia Federal, a Secretaria de Estado da Comunicação adianta que:
– O governador Marcelo Miranda se apresentou espontaneamente à
Justiça Federal para prestar esclarecimentos a respeito das
investigações;
– O governador facilitou o livre acesso às dependências da sua residência e do Palácio Araguaia, a fim de contribuir com a ação;
– Até o momento, tanto a Procuradoria Geral do Estado, quanto o
Escritório de Advocacia, que representa Marcelo Miranda, não tiveram
acesso à decisão da Justiça.
Fonte: ISTOÉ
Fonte: ISTOÉ
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