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quarta-feira, 27 de maio de 2020

Polícia Civil quer saber se a mãe agiu sozinha. Apesar de dizer que deu calmantes ao filho, marcas de estrangulamento estavam no corpo da criança


Polícia Civil quer saber se a mãe agiu sozinha. Apesar de dizer que deu calmantes ao filho, marcas de estrangulamento estavam no corpo da criança

Laudo aponta que Rafael foi morto por asfixia e não por uso excessivo de remédio

Laudo aponta que Rafael foi morto por asfixia e não por uso excessivo de remédio

Reprodução / Record TV
A morte de Rafael Mateus Winques, de 11 anos, ainda precisa ser esclarecida, apesar da confissão da mãe Alexandra Duogokenski. Ela, que está presa preventivamente, apresentou versões contraditórias e a Polícia Civil quer saber qual a motivação para o assassinato do filho. O crime que, até então, era considerado um homicídio culposo (quando não há intenção de matar) passa a ser um homicídio doloso qualificado após o laudo apontar que a criança foi morta por asfixia
Rafael teria desaparecido no dia 15 de maio na pequena cidade de Planalto, no Rio Grande do Sul, onde morava com a mãe e o irmão. O município tem cerca de 10 mil habitantes. O fato foi comunicado pela mãe ao Conselho Tutelar. Alexandra disse que, quando acordou pela manhã, não encontrou o menino no quarto. A polícia só soube do desaparecimento no dia seguinte. 
Considerada uma criança tranquila e querida no bairro, o sumiço de Rafael movimentou a vizinhança. A mãe chegou até a falar com a Record TV para pedir ajuda na localização do filho. Tudo não passava de uma encenação, porque, dias depois, ela confessou o crime à polícia.
O chefe da Polícia Metropolitana, Joerberth Nunes, estranhou a riqueza de detalhes passadas pela mãe ao comunicar o desaparecimento do filho. "Falou que ele estava com a camiseta do Grêmio e chinelos, mas como ela poderia saber se não tinha visto?", alertou o delegado.

Confissão

O corpo de Rafael foi localizado na segunda-feira (25), 10 dias após o suposto desaparecimento. Ele estava dentro de uma caixa de papelão, enrolado em um lençol, na garagem de uma casa abandonada com um pedaço de corda de varal enrolado no pescoço.
A casa fica a menos de cinco metros do local onde ele morava. A polícia só chegou até o endereço após a confissão da mãe.
Local onde o corpo de Rafael foi localizado fica a cinco metros da residência

Local onde o corpo de Rafael foi localizado fica a cinco metros da residência

Reprodução / Record TV
Inicialmente, Alexandra afirmou que o filho estava nervoso, agitado e que ela deu uma quantia excessiva de calmantes, o que o fez passar mal e morrer. O remédio teria sido administrado para que a criança dormisse melhor, uma vez que ele ficava muito tempo no celular e na internet. "Ele tem costume de jogar bastante, a gente conhece os amigos de escola, ele também joga online com pessoas estranhas", disse a mãe.
De acordo com ela, a morte do filho teria sido então um acidente, sem a intenção de matá-lo. Mas a frieza de Alexandra no depoimento chamou a atenção da polícia. A versão apresentada por ela também já foi desmentida.
Um laudo do Instituto Geral de Perícias revelou que Rafael morreu asfixiado por meio de esganadura, ou seja, estrangulamento. A polícia ainda quer saber se a criança foi dopada e se, de fato, havia ingerido os remédios indicados pela mãe.
Outra dúvida que só será esclarecida em um laudo é a data exata da morte da criança, verificada pelo estado de decomposição do corpo. O objetivo é saber se foi no mesmo dia em que a mãe comunicou o desaparecimento. 
Durante a perícia, foram também encontrados vestígios de sangue na casa onde ele morava e no carro da família. O material é analisado por meio de comparação genética, para identificar se o sangue é humano e se é de Rafael.

Investigação

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga ainda se a mãe agiu sozinha ou se outras pessoas podem ter participação da morte do menino. Segundo o delegado do caso, há três nomes sendo investigados.
Alexandra confessou o crime

Alexandra confessou o crime

Reprodução / Record TV
Em entrevista, o delegado Ercílio Carlett afirmou que o motivo da morte ainda não foi esclarecido "até porque tudo indicava que ela era uma boa mãe, cuidava dele e do outro filho. Tinha um bom relacionamento com ele. Mesmo que ela tenha dado o medicamento, a morte se deu por asfixia, o que indica um homicídio doloso qualificado".
Vizinhos afirmaram que tanto Rafael quanto o irmão são tranquilos e que também nunca presenciaram nenhum tipo de briga entre eles ou das crianças com a mãe.
O pai de Rafael, Rodrigo Winques, é separado de Alexandra e mora em Bento Gonçalves, na serra gaúcha. Ele ficou chocado ao saber da morte do filho. No velório e enterro, na tarde desta terça-feira (26), ele afirmou que "a polícia não iria mentir" e revelou que o filho nunca relatou casos de violência da mãe contra ele. "Vamos esperar que a Justiça seja feita", ressaltou.
Em outro momento, Rodrigo também disse, em conversa com Alexandra, que já está em outro relacionamento, que "se tu não quer ele, dá ele pra mim", numa referência ao filho do casal.
O padrasto também já foi ouvido pela polícia, mas na data do crime ele estava viajando a trabalho, o que foi comprovado em imagens.
O celular do garoto ainda vai ser periciado.
Muito abalada, a avó de Rafael e mãe de Alexandra, Isaílde Batista, ressaltou que o neto era uma "criança tranquila e muito querida". Segundo ela, "ele era o filho que todo mundo queria ter e amado por todos".
Ela revelou que ficou desesperada ao descobrir que o crime foi cometido pela filha: "Chegar até esse ponto? Pelo amor de Deus! Uma mãe fazer isso com o filho, uma criança indefesa, isso não existe". 
Por causa das contradições nos depoimentos, Alexandra será novamente interrogada. Por questão de segurança, não foi informado o presídio para onde ela foi levada.

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