Acusado de crimes em Alagoas é preso no CE
Publicado em 23 de julho de 2011
O ex-policial militar foi descoberto durante uma operação de Inteligência que envolveu agentes dos dois Estados
Uma operação conjunta de policiais civis dos Estados do Ceará e Alagoas culminou, ontem, na prisão, na cidade de Beberibe (a 85Km de Fortaleza), de um dos homens mais procurados pelas autoridades do Nordeste brasileiro. Trata-se do ex-cabo da PM de Alagoas, João Gabriel Felizardo dos Santos, 49, o ´Cabo Gabriel´, apontado como um dos principais integrantes da ´gangue fardada´, um grupo de extermínio acusado de mais de uma centena de mortes que agiu nos anos 90, em Alagoas.
´Cabo Gabriel´ estava foragido de seu Estado desde 1998 quando o grupo de matadores começou a ser desarticulado. Em 2000, ele fugiu de Aracaju e passou a viver com identidade falsa, alternando temporadas no Ceará e Pernambuco. Entre os crimes atribuídos a ele e aos seus comparsas está o assassinato do delegado de Polícia Civil alagoano Ricardo Lessa, fato ocorrido em 1991.
Ricardo era irmão do então futuro governador do Estado de Alagoas, Ronaldo Lessa, e foi executado porque recebeu a incumbência de desmantelar a quadrilha que era chefiada pelo então major da PM, Manoel Francisco Cavalcante.
Para conseguir prender o ex-PM, as polícias dos dois Estados se uniram num trabalho de inteligência. Conforme o delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Luiz Carlos Dantas, as equipes da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), do Ceará, e da Coordenadoria de Inteligência, de Alagoas, descobriram que o ´Cabo Gabriel´ estava escondido no Interior cearense. Usava o nome falso de Alex Siqueira da Silva e estava trabalhando como administrador de duas empresas que produzem camarão em cativeiro, no Município de Beberibe, no litoral leste do Ceará.
Ao ser descoberto, o ex-militar e foragido da Justiça não esboçou reação. Estava desarmado e logo se entregou. Foi trazido para a sede da DHPP e, ontem à tarde, foi apresentado ao delegado-geral. Conforme Dantas, ainda ontem, à noite, o preso foi levado de avião para Aracaju, sob forte escolta.
Os crimes atribuídos à ´gangue fardada´ em Alagoas formaram um ´rosário´ de assassinatos que levaram o então governador da época, Geraldo Bulhões, a determinar a instalação de uma força-tarefa para identificar e prender os assassinos.
O major Cavalcante foi apontado como chefe do bando e que tinha ainda como integrantes, além dele e do ´cabo Gabriel´, os PMs Everaldo Pereira e Cícero Felizardo (cabos), Silva Filho e José Oliveira (sargentos), além de Edgar Romero, Aderildo Marins, Valdomiro Barros (soldados) e, ainda, o policial civil Valmir dos Santos. Apenas Cavalcante e Silva Filho foram condenados pela Justiça e cada um deles recebeu uma pena de 18 anos de prisão.
O atentado contra o delegado Ricardo Lessa e ao seu ´homem de confiança´, o policial civil Antenor Carlota, aconteceu no dia 9 de outubro de 1991, no bairro Bebedouro. Ambos foram mortos com tiros de metralhadora. A esposa de Lessa, Maria José, e outro o policial civil, José Dantas da Silva, o ´Zé da Onça´, saíram ilesos.
Diariodonordeste
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