Modelo de projeto Japonês inspira "Comunidade em Paz"
Método Koban começa a ser instalado na Zona Norte de Natal. Ideia é aproximar policiais da população
Um modelo de segurança que teve origem no Japão é a aposta do Governo do Estado para reduzir os índices de criminalidade na capital e no interior do Rio Grande do Norte. Na semana passada, foi implantado o projeto "Comunidade em paz", que reúne quatro programas visando garantir mais segurança para a população: Ronda Cidadã, Patrulhamento Inteligente, Olhar Seguro e Sertão Seguro. A intenção é reduzir em até 70% os índices de criminalidade nas localidades onde serão implantados.
O modelo é inspirado no método Koban, criado pela Polícia Metropolitana de Tóquio, no Japão, no longínquo ano de 1874, mas que apresenta resultados positivos no mundo inteiro até hoje. A fórmula adotada pelo Estado também bebe na fonte de dois projetos já desenvolvidos no Brasil: o Ronda do Quarteirão de Fortaleza (CE) e as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP's) do Rio de Janeiro.
Koban é a forma de trabalho da Polícia Comunitária japonesa, onde três policiais trabalham por turnonuma base e tem como missão ouvir opiniões dos moradores a respeito da segurança, além de participar das atividades da população local, sem deixar de garantir a segurança com o trabalho ostensivo. Tal como os japoneses, os policiais comunitários do Rio Grande do Norte vão desenvolver campanhas de combate ao crime, atender ocorrências e orientar a comunidade na prevenção de ocorrências de trânsito.
"É o policial ainda mais próximo da comunidade. Ele será um agente facilitador da vida na comunidade não apenas para os problemas de polícia, mas também se envolvendo em questões como limpeza urbana, buracos nas ruas e falta de iluminação", explica o coronel Francisco Araújo Silva, comandante da Polícia Militar do Rio Grande do Norte. O trabalho ostensivo não muda, mas a filosofia da abordagem sim. O modelo utilizado no Rio Grande do Norte será um pouco diferente do método japonês. "Lá é obrigatório que o policial more na comunidade onde trabalha. Aqui tentaremos lotá-lo o mais próximo possível à sua casa, mas issonão será obrigatório", explicou o delegado da Polícia Federal, Silva Júnior, atual secretário adjunto de Segurança Pública do Estado.
Ao contrário do que possa parecer, esses policiais não deixarão de fazer autuações e o trabalho ostensivo. "A polícia comunitária era muito filosófica e pouco prática. Queremos mudar isso integrando o policial às atividades diárias da comunidade, nos conselhos, na conversa com os comerciantes. Para isso ele contará com ajuda para fazer trabalhos educativos contra as drogas e oficinas de promoção do esporte e do lazer", disse Silva Júnior. Aos bandidos, um recado: não se enganem, pois "o objetivo maior, sem dúvida, é combater o crime. Queremos reduzir os índices de violência", frisou o coronel Araújo.
Segundo o Governo, o Ronda Cidadã é o programa-piloto, e já começou a funcionar no bairro de Nossa Senhora da Apresentação, Zona Norte da capital, identificado pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) como o local que necessita de um policiamento mais ostensivo por liderar o número de ocorrências em Natal. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o bairro concentra 9,92% da população da capital, com 79 mil habitantes.
Parque dos Coqueiros, Planície das Mangueiras e Jardim Progresso: as três bases fixas comunitárias do bairro vão funcionar 24 horas por dia. Elas estão sendo reformadas, dotadas de móveis novos, computador de mesa e notebook, máquina fotográfica, beliche, geladeira, televisor e rádio de comunicação de tecnologia digital. Os banheiros serão reformados e haverá três policiais de plantão na base. Além disso, cada base terá uma viatura exclusiva. "Adquirimos, em convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, 23 veículos tipo Astra, e forneceremos pistolas tipo Taser e coletes à prova de balas", explicou o coronel Araújo.
Expansão
Com base no projeto-piloto, a ideia é expandir o Ronda Cidadã, bem como os outros programas. O Patrulhamento Inteligente, por exemplo, buscará informações da população que servirão para direcionar as ações ostensivas da PM. Policiais a pé e montados em cavalos percorrerão ruas, avenidas e vielas das comunidades colhendo dados para repassá-los ao Ciosp. Já o Olhar Seguro contará com a ajuda da prefeitura: vai funcionar a partir da integração dos servidores que trabalham como vigias. Em Natal isso será feito pela Guarda Municipal. Os vigias receberão uniformes e radiotransmissores tipo HT, que permitirão o acionamento do reforço policial. A intenção é preservar espaços públicos das ações de vandalismo e de outros tipos de delitos.
No interior, começa essa semana a ser implantado o projeto "Sertão Seguro", levando ações de policiamento ostensivo em áreas com alto índice de criminalidade e ocorrências de alto risco como crimes de pistolagem, assaltos a bancos, roubos de veículos e execuções encomendadas. "Será um grupo itinerante do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), mais bem equipados e com viaturas novas. Daremos prioridade às divisas com os estados do Ceará e da Paraíba. Antes só atuávamos quando acionados. Vamos atuar preventivamente, nos antecipando às ocorrências", concluiu o comandante da Polícia Militar do RN, Araújo Silva.
FONTE: Diário de Natal
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