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sábado, 16 de março de 2019

Homem armado invade duas mesquitas na Nova Zelândia e deixa 49 mortos

Crime aconteceu na cidade de Christchurch. Australiano de 28 anos foi preso. Ele divulgou um manifesto repleto de preconceito contra muçulmanos e imigrantes.


Um homem armado invadiu duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, e abriu fogo contra pessoas que estavam em orações; 49 morreram e 48 ficaram feridas.
Imagens de arquivo mostram a mesquita de Al Noor, a maior de Christchurch e uma das mais antigas da Nova Zelândia, num dia normal. Muçulmanos reunidos em paz para as orações da sexta-feira, o dia mais sagrado da semana para o Islamismo. Bem diferente do cenário de pavor e desespero desta sexta-feira (15).
O assassino transmitiu ao vivo, na internet, pelo Facebook. Ele estaciona o carro ao lado da mesquita, anda até a porta e começa a disparar. Daqui por diante, como as imagens são muito fortes, nós só vamos mostrar alguns fragmentos delas.
O assassino caminha por dentro da mesquita e atira em todas as pessoas que vê pela frente. Ele não tem pressa. Várias vezes, recarrega a arma. Depois, ainda mata uma mulher na rua antes de entrar no carro novamente.
Mahmood é um dos sobreviventes. Diz que a maioria das pessoas correu para a porta dos fundos porque os tiros vinham da porta da frente: “Eu, minha mulher e minha filha de 4 anos nos escondemos em uma casa vizinha. Vimos o atirador trocar a arma e começar a atirar de novo”.
O primeiro ataque, à mesquita de Al Noor, deixou 41 mortos. Pouco depois, a seis quilômetros dali, uma segunda mesquita também foi alvo: mais oito mortos.
O assassino Brenton Tarrant foi preso e se identificou como um australiano de 28 anos. Segundo o governo da Austrália, é um terrorista violento, defensor de ideais de extrema-direita.
Nas redes sociais, ele publicou um texto em que fala de nacionalismo e chama os imigrantes de invasores; e cita até o Brasil. Sobre o nosso país, escreveu: "O Brasil, com toda a sua diversidade racial, está completamente fraturado como nação, onde as pessoas não se dão umas com as outras e se separam e se segregam sempre que possível”. Essa avaliação demonstra profunda ignorância sobre a coesão dos brasileiros.
Outros três suspeitos foram detidos; dois homens e uma mulher portavam armas, um outro homem já foi liberado.
Jogadores da seleção de críquete de Bangladesh escaparam por pouco. Eles fariam um amistoso contra a seleção da Nova Zelândia em Christchurch. Estavam a caminho da mesquita para rezar quando ouviram os tiros.
Entre os mortos e feridos, há cidadãos de Bangladesh, da Índia, Malásia, Iraque; muita gente que foi buscar oportunidades de trabalho num país que sempre foi considerado muito pacífico.
Yasmin conta que a família dela vive em Christchurch há 19 anos e que muitas das vítimas eram parentes e amigos dela. “Por que fizeram isso com a gente? Nunca fizemos nada de errado para vocês”, diz ela.
A Nova Zelândia tem uma das mais baixas taxas de homicídios do mundo. Em 2017, por exemplo, foram registrados 35 assassinatos durante o ano inteiro. Só nesta sexta-feira, os ataques de Christchurch já superaram esse número. Superaram também aquele que tinha sido o pior ataque com armas de fogo da história do país, que aconteceu há 30 anos.
Foram 13 mortos naquela ocasião contra 49 já confirmados agora, o equivalente ao total de mortos por armas de fogo em cinco anos no país; 48 pessoas estão feridas.
“Nunca imaginei que isso aconteceria aqui na Nova Zelândia. Mas aconteceu e precisamos nos unir para atravessar essa situação”, disse a prefeita da cidade, Lianne Dalziel.
Um país que tem incentivado a imigração e atraído também brasileiros. Fernanda Matias, de 31 anos, mora em Christchurch, perto da região onde ficam as mesquitas. “A cidade toda está em choque, porque é uma cidade supertranquila, superpacata. Todo mundo evitou sair de casa por questão de segurança mesmo”, conta ela.
A primeira-ministra Jacinda Ardern defendeu a diversidade e a liberdade de religião do país: “Posso garantir que nossos valores não serão abalados por esse ataque. Temos orgulho de uma diversidade que reúne 200 etnias. Condenamos da maneira mais firme a ideologia daqueles que fizeram isso”.
E, se dirigindo aos terroristas, completou: “Vocês podem ter nos escolhido, mas nós rejeitamos vocês”.
O Facebook declarou que removeu rapidamente a conta e o vídeo do assassino, assim que recebeu o alerta da polícia da Nova Zelândia. E que também está removendo qualquer exaltação ao crime ou ao terrorista e que está trabalhando diretamente com as autoridades do país.
Band

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