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domingo, 18 de setembro de 2011

Jeans de Tiririca reacende debate sobre “ditadura do terno” no Congresso


Quem trabalha no ambiente corporativo já sabe: para não fazer feio, é bom adotar o chamado “passeio completo” que, em linhas gerais, é o conjunto terno, camisa e gravata, para oshomens, e o tailleur ou vestido, para as mulheres. A dica vale para o Congresso também, mas com uma diferença importante: lá, quem foge à regra pode até ser barrado na porta.

Não foi o que aconteceu com o deputado federal e humoristaTiririca (PR-SP), que nos últimos dias decidiu trocar a calça de alfaiataria por uma calça jeans. Como na Câmara a recomendação não é uma regra por escrito, o parlamentar não sofreu nenhuma represália – só chamou a atenção. Mas se isso tivesse ocorrido no Senado, o problema seria muito maior, pois o uso do passeio completo é uma obrigação registrada em papel nesta Casa – onde as mulheres só puderam trocar as saias pelas calças sociais em 1997.

Ao R7 a Mesa Diretora e o departamento responsável pelo cerimonial da Câmara explicaram que as dicas para o guarda-roupa dos parlamentares nunca constaram em regimento interno. Entretanto, algumas normas são vistas como “lei” na Casa, como a obrigatoriedade do uso da gravata e do blazer – sem os quais não é permitido entrar no plenário –, e a proibição das bermudas – o maior “vilão” contra o estilo do Legislativo.

Para a consultora de moda e pesquisadora de comportamento Andreia Mirón, professora da Faculdade Santa Marcelina, de São Paulo, a escolha de Tiririca pelo jeans foi uma “gafe protocolar”, mas que pode aproximá-lo ainda mais de seus 1,3 milhão de eleitores.

- É uma gafe protocolar. Mas o jeans surgiu na década de 70 para ser a peça mais democrática, usada independentemente da classe social e da cultura. E o Tiririca, por ser uma “representação” do povo, o utiliza de uma forma que as pessoas entendem. É uma aproximação que ele cria com as pessoas que o elegeram, [...] mesmo que isso não tenha sido arquitetado ou projetado.

Na Câmara, há apenas uma regra no regimento interno que aborda a questão das roupas: a que recomenda que a pessoa esteja “convenientemente trajada” para circular pela Casa (artigo 272). Entretanto, para evitar situações constrangedoras – como a ocasião em que o então deputado Clodovil Hernandes foi barrado pela falta da gravata –, todos os deputados recebem, logo no início da legislatura, algumas orientações (válidas especialmente para o dia da posse) – entre elas, uma que fere o “estilo Tiririca”: não usar jeans, tênis ou sandálias rasteiras.

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