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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Novo motim em DP superlotada


A confusão ocorreu, desta vez, no 7º DP. Novamente, os presos reclamaram da lotaçãoe exigiram transferência

Mais uma delegacia de Polícia Civil da Capital virou palco de revolta por conta da superlotação de presos. Foi o terceiro caso em menos de 24 horas. Desta vez, aconteceu no 7º DP (Pirambu), onde, por volta de 6h30 de ontem, os 37 detentos que dividiam o pequeno espaço de duas celas iniciaram um motim que só acabou com a intervenção da Polícia Militar. Um dos presos terminou passando mal e foi retirado dali.

O ´estopim´ da confusão foi o mesmo que causou uma rebelião, anteontem, no 34º DP (Centro), a superlotação, proliferação de doenças e a demorada espera por transferência. "Os presos estão dormindo amontoados há muito tempo", confirmou um inspetor da distrital.

Misturados

Segundo o delegado José Jesuíta Barbosa Filho, titular do 7º DP, a capacidade máxima de cada cela é de dez presos. Dos 37 que estão recolhidos naquela delegacia, há acusados de assaltos, homicídios, tráfico de droga e por infração à Lei Maria da Penha. "Metade dos presos é do 33º DP (Goiabeiras), que está sem condições de receber ninguém", ressaltou Barbosa.

De acordo com o titular da distrital, os presos começaram a gritar e a bater nas grades ainda cedo. Quando o movimento foi se intensificando, a Polícia Militar foi acionada. Policiais da 3ª Companhia do 5º BPM (Pirambu) e do Batalhão de Choque foram para o local conter o motim. Em poucos minutos, o tumulto estava controlado.

O preso Luís Carlos Fidélis de Brito, acusado de matar o filho a facadas, na semana passada, sofre de problemas cardíacos e passou mal no momento do tumulto. Uma ambulância do Samu foi acionada e só chegou ao distrito cerca de uma hora e meia depois.

Os familiares do preso já estavam aflitos, do lado de fora da delegacia. "Meu pai tem convulsões, ele pode morrer se continuar lá na cela por muito tempo", disse uma filha de Fidélis. Às 9h20, a ambulância chegou para socorrer o homicida.

Para Barbosa, a permanência dos presos no xadrez da delegacia - que é plantonista - e a iminência de motins durante todo o tempo tem prejudicado o trabalho da Polícia Civil. "Temos que nos preocupar com os presos e administrar a situação o tempo inteiro. Assim, o trabalho de Polícia Judiciária fica bastante prejudicado".

Vagas

De acordo com o delegado Jairo Pequeno, diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), o número de vagas que a Secretaria de Justiça tem cedido à Polícia, semanalmente, é flutuante. "Há duas semanas recebemos 20 vagas apenas. Na semana passada foram 90. Até hoje, conseguimos 45 vagas. Mas isso ainda é muito pouco diante do montante de presos acumulados nas delegacias distritais, metropolitanas e especializadas", admitiu.

Ontem pela manhã, 774 presos ocupavam as celas de delegacias na Grande Fortaleza.

NATHÁLIA LOBO
REPÓRTER
Diariodonordeste

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