El País
Menos de 200 militantes aguardavam a primeira mulher eleita presidenta do Brasil na porta do Palácio da Alvorada. Era a despedida de Dilma Rousseff da residência oficial da presidência brasileira. Destituída do poder há seis dias por uma decisão do Senado, a petista era, nesta terça-feira, bem diferente daquela que subiu ao palco do luxuoso auditório lotado alugado em Brasília em 2014 para comemorar sua reeleição. Há dois anos, só mostrava descontração ao abraçar seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva. Neste 6 de setembro, sem Lula e acompanhada por um pequeno grupo de escudeiros e ex-ministros, era só sorrisos e afagos aos seguidores. De óculos escuros, deixou-se ser beijada até ficar com uma marca de batom vermelho na face direita e foi abraçada enquanto seus seguranças empurravam e usavam suas armas de choques nos cinegrafistas e fotógrafos que a cercavam.
A concentração no local havia se iniciado por volta das 11h e sob o escaldante sol brasiliense. Os ex-ministros José Eduardo Cardozo, Miguel Rossetto, Jaques Wagner e Kátia Abreu (a única não petista do grupo), e o senador Lindbergh Farias e a deputada Erika Kokay a esperavam antes de seu embarque para Porto Alegre (RS) — Rousseff ficará entre a capital gaúcha e o Rio de Janeiro. Estavam ainda trabalhadores sem-terra, representantes de sindicatos de professores, da CUT e da CTB. Algumas das bandeiras eram as mesmas da campanha de 2014, onde adesivos estampavam o nome de Dilma, mas também o do então aliado e candidato a vice, Michel Temer (PMDB).
Nesta terça, Temer foi, como esperado, o alvo preferencial dos que estavam no Alvorada, que o chamavam de “golpista” e gritavam “Fora, Temer”. Enquanto isso, não longe dali, o peemedebista fazia planos para tentar se prevenir de eventuais problemas originados por protestos em seu primeiro Dia da Independência como presidente. Nesta quarta, o peemedebista participará do tradicional desfile em Brasília em um carro fechado. É comum que o presidente desfile no Rolls-Royce conversível do Planalto vestindo a faixa verde e amarela da presidência. Ele, contudo, não decidiu se a usará e foi orientado a não andar no conversível por questões de segurança.
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