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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

SEGURANÇA É TRATADA COM DEMAGOGIA


Temas recorrentes das campanhas eleitorais, como saúde e educação, não estariam completos se neles não estivesse agregado um terceiro e fundamental – segurança pública. Como os demais, este também é problemático. E embora mereça sempre grande atenção do público e dos políticos, os números crescentes da violência e os exemplos incorrigíveis de impunidade mostram que a luta está sendo vencida, pelo menos até agora, pelo adversário.

A questão da segurança pública será tratada durante seminário que será realizado pela UFRN, através da Pró-reitoria de Extensão Universitária, em parceria com a TV Universitária e jornal Tribuna do Norte, nos dias 14 e 15 deste mês. No dia 20 haverá debate com os candidatos a governador.

Para o professor Edmilson Lopes Jr., do Departamento de Ciências Sociais da UFRN, o problema nacional da (in)segurança está associado à falta de uma política de estado. “Políticas de governo para combater a escalada da criminalidade há muitas, porém, como são descontinuadas, revelam uma crônica fragilidade e impotência”.

Edmilson diz que o tema segurança pública tem produzido um tratamento oportunista e repetitivo. “Assim, as ações são baseadas em respostas pontuais, quando o problema é imensamente complexo e interligado a outros cenários”, afirma. O resultado é a falta de uma política de segurança pública que abrace também as causas e não apenas os efeitos.

O eterno choque entre as culturas Militar e Civil também se reflete no relacionamento entre as polícias. Outra distorção importante, lembra Edmilson, é a ausência de uma prestação de contas à sociedade do que os organismos de segurança vêm fazendo e o resultado dessa produção.

Hoje, é possível monitorar de longe a situação a partir de dados do DATA SUS especificamente sobre a violência, uma vez que esse banco de dados estratifica o número de óbitos por causa violenta e por região. Mas – assegura Edmilson - é difícil ir além disso”, pois a violência oriunda de furtos, roubos e outros tipos de transgressão não aparece.

Para o professor, perguntas continuam sem resposta: qual tem sido a ação do controle legislativo sobre a questão da segurança? Qual o custo do aparelho policial para melhor distribuir os recursos em segurança pública?

“Só respondendo essas, entre outras tantas perguntas, poderíamos cruzar investimentos a indicadores de criminalidade para empreender uma análise consistente sobre como e onde mudar”. O professor diz que o próprio Samu, que atende todo o tipo de ocorrência, poderia fornecer valiosas informações de georeferenciamento da violência – já que as viaturas são monitoradas por GPS – com a finalidade de se calibrar melhor os investimentos em segurança pública por regiões.

“É comum as pessoas se queixarem que moram em bairros violentos que não recebem atenção do policiamento ostensivo e um georeferenciamento ajudaria bastante na distribuição do contingente policial”, diz.

Para Edmilson Lopes Jr., repressão seletiva, busca de resultados não apenas quantitativos mas qualitativos, prestação de contas, um afinamento melhor entre as Polícias Civil e Militar no trabalho de inteligência e menos propostas pontuais que não levam a nada poderiam ajudar muito na batalha que se trata hoje contra o grande mal social da insegurança.

FONTE: Tribuna do Norte


NOTA DO BLOG: Demagogia significa, em termos gerais, conduzir o povo a uma falsa situação, é a forma de argumentação política que promete algo irrealizável. Dito isto, vê-se que há tempos que a segurança pública está sempre sendo tratada por demagogos. É comum os candidatos prometerem o céu e a terra para melhorar a segurança pública, quer seja do nosso Estado ou do País. Cabe, entretanto, a nós, enquanto eleitores, perceber essa dissimulação por parte desses candidatos. A segurança pública pode até ser dever do Estado, mas também é responsabilidade de todos.
Fonte Soldado Glaucia

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