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sexta-feira, 24 de junho de 2011

24/06/2011

CARTA DE UM SOLDADO AO IMPERADOR DO REINO DAS FÁBULAS (CRÔNICA)

CLÁUDIO CASSIMIRO DIAS
Um belo dia o Imperador de um Reino muito rico e longínquo recebeu das mãos de um assessor uma carta escrita por um soldado que servia a Guarda Real. O Imperador era uma pessoa que havia sido indicada pelos Súditos do Rei, porém, que seguia os mandos do Monarca Maior, seu Padrinho.
Era uma espécie de Monarquia Parlamentarista misturada com Presidencialismo Monárquico, ninguém explicava direito que tipo de governo ou regime político era aquele. O importante é que funcionava e os súditos gostavam, pelo menos parecia que gostavam, pois votaram nele nas urnas imperiais e acatavam todas as ordens e leis emanadas do poder local.
A Guarda Imperial era formada de homens que, distribuídos nas funções protegiam o castelo, e davam segurança aos populares, como também protegia a fronteira, dentre outras funções que surgiam no decorrer do serviço.
A carta fora escrita pelo soldado, em um momento de desespero e angústia e dizia o seguinte:
“Senhor Imperador,
Não sou digno de me dirigir ao senhor, pois sou da plebe, e o senhor é o Imperador de todo esse domínio, mas tenho de lhe falar sobre o que está acontecendo aqui embaixo. Soldados foram mandados para cumprir diversas missões, como proteger as fronteiras, prender piratas, proteger os domínios que vosso reino aderiu aos terrenos, expulsar os saqueadores, e toda índole de assuntos ligados a segurança de nosso cidadão.
Os soldados estão cumprindo bem a missão que lhes foi confiada, sempre com afinco e dedicação, às vezes até com o sacrifício da própria vida, deixando em casa a família sem saber se voltará ao seio dos familiares.
Na verdade, senhor Imperador, eu me sinto orgulhoso de fazer parte de sua Guarda Real. Estou com alguns problemas em casa, uma vez que meus filhos pedem para comprar algum produto desses que são anunciados pelos arautos do império, porém, como meu soldo não dá para comprar, os problemas aumentam em minha vida. O mesmo vem ocorrendo com muitos soldados que servem comigo.
Outro dia meu filho me fez muita raiva, pois ele queria que eu comprasse um ratinho, desse chamado “hamister”, que eu não sei falar direito o nome, mas, o dinheiro mal dá para nos alimentarmos. Que idéia desse meu filho...!
Senhor Imperador, alguns soldados estão morrendo por não assimilarem bem o porquê de trabalhar arriscando a vida e não terem um salário melhor. Estão deprimidos e alguns tentando contra a própria vida. Suas famílias estão perdendo a referência paterna, pois, o pai de família não dá conta de comprar o ratinho ou o brinquedo que o filho anseia. Os filhos perguntam: Pai, para que o senhor trabalha tanto se o dinheiro dá mal... mal... para alimentarmos.
Senhor Imperador desse domínio ao qual me alistei para servir, verifique a situação de nossos soldados para que nosso império não seja destruído pelo inimigo, pois soldados famintos, e mal tratados estão a beira de um colapso.
Senhor Imperador renovo a minha admiração e de minha família pelo senhor, não nos decepcione.
Ah! Senhor Imperador, enquanto eu escrevia para o senhor, mais um soldado foi internado na enfermaria aqui da Guarnição, por desnutrição e aparentemente desorientado dos juízos mentais.
Senhor Imperador, meu filho não quer mais o ratinho de presente. Agora ele pede ao senhor que não nos abandone.
Não puna meu filho, Magnânimo Imperador, nem o mande para o calabouço, pois criança não sabe o que fala!”
* CLAUDIO CASSIMIRO DIAS, CABO PM, Poeta e escritor, Especialista (Latu Sensu) em Criminologia, Bacharel em Direito, Bacharel em Historia, Acadêmico Efetivo Curricular da Academia de Letras João Guimarães Rosa da Policia Militar de Minas Gerais, Cadeira 28, Ex-Diretor Jurídico do CSCS/PMBMMG, Membro da Equipe Jurídica da ASCOBOM, Representante dos Militares da Ativa no Conselho de Previdência do Estado (CEPREV/MG), Pesquisador da Historia Militar e palestrante.
Blog do Cabo Fernando

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