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sábado, 23 de novembro de 2013

Mortes de motociclistas crescem 932% em 15 anos

Mortes de motociclistas crescem 932% em 15 anos

O número de motociclistas mortos em acidentes no Brasil subiu 932,1%, no período de 1996 a 2011, o que faz dos usuários de moto as maiores vítimas fatais do trânsito. 

O retrato dessa epidemia letal por ruas e estradas do país está no Mapa da Violência 2013 — Acidentes de Trânsito e Motociclestas, um levantamento estatístico com base em registros de óbito do Ministério da Saúde, que foi lançado ontem.

Em 2011, os motociclistas e seus passageiros que perderam a vida em acidentes responderam por um terço do total de óbitos no trânsito. 

De um total de 43 mil vítimas fatais, nada menos do que 14,6 mil estavam sobre motos ou triciclos, sendo que maioria deslocava-se em veículos de duas rodas.

No Brasil, o segundo grupo com maior número de mortos em 2011 foi o de ocupantes de carros: 12,4 mil ou 28,7% do total. Em terceiro lugar, os pedestres, que eram as principais vítimas do trânsito até 2008 e, em 2011, ficaram atrás de usuários de motos e carros, com 11,8 mil vidas ceifadas por atropelamentos.

Em 1996, primeiro ano em que o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) especificou os registros de óbitos de motociclistas, morreram 1.421 usuários de moto. Esse número subiu para 5,4 mil em 2000, até alcançar a marca de 11.839 em 2009, quando os motoqueiros passaram a ser o grupo com maior quantidade de vítimas.

— A motocicleta virou o carro dos pobres — diz o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do Mapa da Violência.

O Rio de Janeiro e São Paulo estão entre as cinco unidades da federação cuja taxa de mortos no trânsito caiu na última década, entre 2001 e 2011. No Rio, a taxa passou de 18,7 para 17,2 óbitos por 100 mil habitantes nesse período. Dentre as vítimas que andavam de moto, o Rio tinha a terceira menor taxa do país em 2011 (3,8), atrás somente de Acre e Amapá. O Piauí tinha a maior taxa: 30,4.

Julio Jacobo critica a falta de políticas públicas para garantir a segurança no trânsito, com foco nos usuários de moto. Além de campanhas de prevenção, Julio Jacobo defende mais fiscalização e melhorias no traçado, na conservação e sinalização das vias. Ele lamenta o veto pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1997, ao artigo do Código de Trânsito Brasileiro que proibia motociclistas de andarem entre os carros.

De acordo com o Mapa, havia 4 milhões de motos no Brasil no ano 2000, o equivalente a 13,6% do total de veículos. Esse número saltou para 18,4 milhões ou 26,1% da frota, em 2011. 

Ao cruzar dados da frota com as taxas de mortalidade, Julio Jacobo constatou que o número de óbitos de usuários de moto cresceu mais do que a quantidade de motocicletas em circulação. Com os carros ocorreu o inverso. Ou seja, o risco de andar de moto aumentou.

O Mapa da Violência 2013 será lançado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), uma organização não-governamental presidida pelo também sociólogo Jorge Werthein.

— Há uma responsabilidade do poder público que precisa melhorar o transporte público. Isso obviamente diminuiria o uso das motocicletas — diz Werthein.

Enquanto os óbitos de usuários de moto cresceram 932,1% no período analisado, as mortes de ocupantes de carros subiram 72,9% e as de pedestres caíram 52,1%. 

O segundo segmento com maior aumento de vítimas foi o dos ciclistas, com acréscimo de 203,9% e 1,8 mil mortos em 2011. 

O Mapa estima que o custo decorrente dos acidentes de trânsito no país, em 2011, tenha atingido R$ 44,6 bilhões, o que inclui despesas com 159 mil internações hospitalares no SUS.
A íntegra do Mapa da Violência 2013 sobre trânsito e outras edições do levantamento, como foco em homicídios no Brasil, podem ser acessadas na seguinte página: http://www.mapadaviolencia.org.br/.
Por Maciel Alves 

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